terça-feira, 5 de outubro de 2010

À classe média o Debate, aos trabalhadores a novela.

“Como acontece em todos os debates promovidos pela Rede Globo a preocupação de todos nós é que seja útil para você eleitor por isso nós pedimos que as discussões sejam civilizadas ....” Assim William Bonner se dirigiu aos eleitores do país após explicar as regras do debate dos presidenciáveis organizado pela Globo. Bonner diz que a Globo se preocupa em ser útil ao eleitor, oferecendo a estes a oportunidade de conhecer as propostas dos candidatos à presidência da república, contudo, o debate parece ser menos importante que a novela dos pseudo italianos, dita novela das oito, mas que começa às nove e que em tempos de eleição começa depois da propaganda política às 9:20 da noite. No dia do debate a novela foi ao ar às 9:20 da noite e nem sequer teve seu tempo diminuído para que o debate começasse mais cedo. Desta forma o debate teve início às 22:35. Certamente os trabalhadores que acreditavam na dita utilidade do debate teve que sacrificar parte das suas oito horas de sono (aqueles que dispõem dessas oito horas para o descanso) para se “beneficiar” do “espaço democrático” oferecido pela Globo.
Levando-se em consideração a importância dada pela emissora dos Marinhos à novela, que mesmo num momento decisivo para o país, tem garantida sua presença no horário nobre global, como não duvidar das intenções da emissora? Somos forçosamente levados a concluir que William Bonner estivesse se dirigindo à um determinado eleitor, ao considerar a utilidade do debate, aquele que pode dormir depois da meia noite, que não precisa acordar cedo para trabalhar, está portanto falando às classes média e alta brasileira que tem o “privilégio” de ficar acordados madrugada afora e dormir até mais tarde.
Quando se trata de seus programas e novelas a globo sinceramente se preocupa com os cidadãos brasileiros que fazem parte da classe trabalhadora, daqueles que se espremem nas favelas do país e que tem na televisão uma válvula de escape para a dura realidade que enfrentam diariamente, porém, quando se está em jogo a decisão de que rumos o Brasil irá tomar nos próximos 4 anos. A Globo não democratiza sua contribuição para os rumos das eleições, sendo útil aos ricos e perversa com os pobres. 

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