quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Carta aos candidatos à prefeito de Ponte Nova.


          Felipe Polesca Felipe é pontenovense. Tem dedicado grande parte de seu tempo à refletir sobre os principais problemas que afligem Ponte Nova. Recebemos de Felipe essa carta destinada aos candidatos que disputam a prefeitura de Ponta Nova. Nela Felipe apresenta os resultados destas reflexões. São propostas que visam resolver os problemas identificados. Temos aqui a oportunidade de discutir os problemas apresentados por Felipe bem como avaliar as propostas que apresenta. 
           Estamos nas retas finais das eleições e o debate político não pode acabar com o fim das eleições. Independentemente do resultado, devemos continuar a discussão visando contribuir para a melhoria de Ponte Nova. Felipe nos oferece mais que uma lista de problemas, oferece-nos uma pauta de discussões, que deve envolver todos aqueles que desejam o melhor para nossa cidade. A leitura e crítica das propostas apresentadas nessa carta podem contribuir para aperfeiçoar as propostas levantadas e criar outras. Agradecemos Felipe Polesca pela contribuição! 

Carta aos candidatos a chefe do Executivo
da Cidade de Ponte Nova.

                                                                       Por Felipe Polesca
Oportunidades e Desafios.

 “Não é preciso ser médico para saber que a maneira mais simples de parar o coração de um sujeito é obstruindo as suas veias. O modo mais rápido, também, de  enfartar  e esvaziar a alma de uma cidade (...) é matar os seus rios.”.  
O trecho do manifesto “Caranguejos com Cérebro” escrito em 1991 pelo músico nordestino integrante do movimento Mangue Beat e ativista politico “Fred Zero Quatro” quando o Recife foi considerado a 4º pior cidade do mundo para ser viver. A mesma critica pode ser feita à realidade de Ponte Nova. 
Ponte Nova está enfartando, pois estamos obstruindo sua principal veia e não estamos procurando saída para o futuro, para desenvolvimento e para a transformação social que se faz necessária, o povo sofre pelo cansaço e não aguenta mais ser enganado por políticos e funcionários públicos desqualificados que só querem fazer do seu emprego o contracheque no fim do mês e não procuram alternativas para que a situação da cidade seja outra.  
A carta que escrevo procura abordar os principais problemas que Ponte Nova está enfrentando bem como propor melhorias para que Ponte Nova possa voltar ser uma cidade de destaque no Estado dentro de alguns anos.  
Em se tratando de melhorias na ESTRUTURA da cidade, hoje, Ponte Nova necessita de duas grandes obras:

 1º Alça do Anel Rodoviário ligando MG-329 (Ponte Nova-Rio Casca) à BR-120 (Ponte Nova Viçosa). O Anel Rodoviário vai transformar a estrutura e a mobilidade da cidade, através dessa obra será possível reorganizar o trânsito da cidade, desviando todo o trafego de veículos pesados que hoje são OBRIGADOS  a trafegar  pelo centro da cidade por falta de outro acesso, além de melhorar substancialmente a qualidade de vida da população, que não terá que conviver com o transito caótico e confuso. A obra também vai trazer a possibilidade de desenvolvimento das regiões norte e leste e da área industrial. Além de ser possível reorganizar grande parte do comércio, que terá a oportunidade de transferir empresas que demandam grande movimentação de veículos pesados para as áreas periféricas da cidade. Sendo a obra de maior importância para a cidade hoje.  

2º Estação de Tratamento de Esgoto. A MAIOR RIQUEZA que Ponte Nova possui é o RIO PIRANGA.  Com aproximadamente 400 km de extensão sua nascente se encontra na serra da Mantiqueira no município de Ressaquinha tendo em Ponte Nova a 1º cidade de grande porte as suas margens, fazendo com que sejamos responsáveis pela preservação de suas águas. Precisa-se priorizar o cuidado dos recursos naturais. O Rio está sofrendo pelo descaso e pela falta de alternativas para sua preservação e despoluição.  Ponte Nova tem uma das mais belas orlas de rio do país, que pode ser um tesouro econômico a ser explorado. Com a estação de tratamento de esgoto e outras medidas como desassoreamento, preservação das nascentes, reflorestamentos das encostas, desocupação das margens do rio, poderemos ter de médio em longo prazo um paraíso revitalizado dentro da cidade, que poderá ser utilizado como fonte de lazer pela população e um ótimo atrativo para o fomento do turismo local gerando renda e riqueza além de diversificar a economia da cidade. Essas obras são de extrema importância e necessidade, e com um esforço e mobilização política coerente podem sair do papel.

Abordados os temas das grandes obras de infraestrutura necessárias, vamos abordar o cotidiano, que é a BASE ESSENCIAL para que a política de qualidade possa ser produzida nos próximos quatro anos e nos anos vindouros. Só através dessa base conseguiremos ter um município produtivo e uma cidade da qual todos possamos sentir orgulho.  

Os três próximos tópicos irão tratar da BASE ESSENCIAL.

1º Escolher com muita sabedoria e critério técnico o secretariado da cidade. Ponte Nova conta atualmente com 13 secretárias, sendo duas secretárias de apoio direto ao prefeito (Assessoria Jurídica e Sec. Municipal de Governo), 3 secretárias de gestão (Sec. Mun. De Gestão e Recursos Humanos, Sec. Mun. de Planejamento e Desenvolvimento Econômico e Sec. Mun. de Fazenda.)    e 8 Secretárias de Execução  (Sec. Mun. de Educação, Sec. Mun. de Cultura, Lazer e Turismo, Sec. Mun. de Esportes, Sec. Mun. de Assistência Social e Habitação, Sec. Mun. de Saúde; Sec. Mun. de Obras, Sec. Mun. de Meio Ambiente; Sec. Mun. de Desenvolvimento Rural.)

Os secretários escolhidos devem ser competentes, qualificados, ter total compreensão e entendimento da necessidade que a secretaria que ele irá representar se encontra. Além do mais, deve existir sinergia entre todas as secretarias. Em se tratando de uma cidade do porte de Ponte Nova os assuntos e ações em muitos casos se misturam e envolvem mais de uma secretaria, por isso é muito importante a sintonia de toda cúpula do executivo.  

Secretárias devem ter projetos, planos de ação, metas, gestão e execução. Secretária não é cargo de barganha ou favor. É cargo de profissional qualificado.  Como Dom Helder Câmara costumava dizer “A população não precisa de caridade, a população precisa ser encorajada”. É papel da prefeitura e dos secretários resgatar a auto-estima da população, encorajá-los a acreditar em um futuro melhor. Um trabalho constante deve ser feito em cima disso. Somos uma população pobre e carente, por isso os mais fortes e preparados devem fazer um trabalho constante em cima de resgate deste valor. Até nos tornarmos uma população culta e educada esse trabalho de encorajar e guiar é uma tarefa ÁRDUA E PERMANENTE.

2º Funcionalidade, organização, cobrança e metas para os funcionários públicos.

 Controlar os funcionários da área pública como se fossem funcionários de uma empresa privada. Atualmente o corpo de funcionários da prefeitura é composto de aproximadamente 2.500 funcionários, o que representa 3,84% da população da cidade. Ou seja, temos 1 funcionário para cada 26 habitantes. Esse coletivo de pessoas juntas gera força e movimenta a engrenagem da cidade. Devem ser qualificadas, treinadas, cobradas, fiscalizadas. Os funcionários devem ter metas e seu trabalho deve ser rigorosamente acompanhado pelos secretários e prefeito, sendo de obrigação dos mesmos uma boa funcionalidade do sistema.
 3º Controle do Orçamento.
O orçamento previsto para o ano de 2013 em Ponte Nova é de aproximadamente 122 milhões. Essa verba que compõe o orçamento deve ser muito bem aplicada e fiscalizada. Com controle e gestão eficientes esse dinheiro pode fazer uma verdadeira revolução. Dinheiro bem aplicado retorna em forma de benefícios para a população.  

Além disso, existem diversos programas dos Governos Estadual e Federal que devem ser muito bem explorados pelo executivo. Através destes programas conseguiremos aumentar de maneira significativa o montante de dinheiro que nossa cidade poderá usufruir. 

O Prefeito e seus secretários devem criar um estreito relacionamento com os deputados estaduais e federais.  Verbas para saúde, educação, meio-ambiente, esporte e cultura estão sobrando em Brasília. Basta ficar atento aos editais e produzir projetos qualificados.

 PONTE NOVA PRECISA DE UM CHOQUE DE GESTÃO PARA DIMINUIR GASTOS, REORGANIZAR OS FUNCIONÁRIOS E AS SECRETÁRIAS ALÉM DE OTIMIZAR RECURSOS. NOSSA MAQUINA PÚBLICA ESTÁ CARA E INEFICIENTE. 

Os próximos tópicos estão ligados às necessidades, desafios e oportunidades que Ponte Nova proporciona.  
4º Trabalhar a aproximação do setor público, privado e sociedade civil.
Em uma cidade pequena tudo está interligado, do padeiro ao prefeito, por isso um ótimo ponto a ser trabalhado pela prefeitura é o envolvimento dos três setores que compõe uma sociedade. Juntos somos mais fortes e trabalhamos melhor.  Falta comunicação entre estes grupos que, se unidos, podem simplificar muitas ações e obter resultados grandiosos para cidade.Um importante projeto que pode ser desenvolvido neste ponto é a criação de um Instituto de Estudos Sociais, Econômicos e Ambientais de Ponte Nova. Onde através de uma OSCIP ou ONG pode-se realizar de forma paralela e independente à prefeitura estudos de curto (ações pontuais), médio e longo prazo (Ponte Nova do Futuro). Com metas, relatórios, dados e informações, podemos analisar a atual situação nos mais variados setores da cidade e com base nesses dados evoluir para a melhoria de cada ponto.  

5º Desenvolvimento Econômico.

O trabalho da Prefeitura vai muito mais além do saneamento, saúde, assistência social e educação. O próximo prefeito deve ter como prioridade em seu trabalho diversificar e fortalecer a economia de Ponte Nova, melhorando empregos, salários, oportunidades e os níveis dos funcionários. Somos referência em laticínios, suinocultura, comércio e produtos artesanais. Podemos nos tornar polo e explorar melhor estes nossos potencias. Com festivais gastronômicos e feiras de comércio.   Entretanto, existem milhares de outras possibilidades a serem exploradas, como falei do turismo no tópico da estação de tratamento de esgoto.  
Estamos situados entre duas das principais universidades federais (UFV e UFOP) e podemos nos beneficiar do conhecimento produzido nessas instituições. Além do que podemos oferecer estrutura para que elas se desenvolvam na cidade.

 6º Desenvolvimento do Esporte e da Cultura.

Uma alternativa para desenvolver a criatividade da cidade e criar possiblidades para um futuro melhor, é investir em Esporte e Cultura. Ponte Nova precisa investir e levar muito a sério sua pasta de esporte e da cultura. É a melhor alternativa para tirar as crianças do álcool e das drogas e ajudar na formação do cidadão. Além de ser uma estratégia para fomentar o turismo e a economia criativa da cidade.  
Neste tópico, anexo dois exemplos.   
Artigo “Investimento em esporte como fortalecimento de marca empresarial e de municípios” (faça aqui o download desse artigo http://www.mediafire.com/view/?pyxut3x99k39ebp ) escrito pelo jovem pontenovense Fernando Pacheco formado em comunicação, que retrata muito bem o retorno de se investir em esporte. E o outro artigo do pesquisador cultural Rômulo de Avelar “A lição de Guaramiranga”, (faça download desse artigo aqui http://www.mediafire.com/view/?8g78te75yjnmqbt ) cidade de 5.000 habitantes situada no interior do Ceará, que hoje é referência no  estado pela transformação que a cultura fez na cidade.  

7º Melhoria na segurança.  

Investindo em cultura e esporte o  reflexo da diminuição da criminalidade será confirmado com o tempo. Mas, além disso, Ponte Nova precisa intensificar sua segurança pública. Temos que criar um plano de combate ao crack, droga considerada um problema em todo país. Temos que investir em tratamento de dependentes químicos e intensificar o combate da venda de drogas nas periferias da cidade.  
Mas o principal problema da segurança é a falta de programas para os adolescentes das classes mais humildes na cidade, que tem acesso mais fácil  às  drogas que a oportunidades. Droga não se trata com repressão se trata com educação e oportunidade.

 8º Coleta Seletiva do Lixo e Implantação de Usina de Reciclagem.  

Sujeira é problema latente hoje em Ponte Nova. Nunca a cidade andou tão suja. Precisa melhorar o programa de coleta do lixo. Além  de criar o programa de coleta seletiva e educar o cidadão de também contribuir para a cidade mais limpa.  

Também se deve implantar a Usina de Reciclagem.  Existe uma lei que obriga todos os municípios a acabarem com os lixões até 2012. Ponte Nova precisa estabelecer as diretrizes de cidade sustentável.

 9º Plano de Controle de Enchentes.

 Todo ano Ponte Nova sofre com os problemas das enchentes. Devemos criar solução para esse drama vivido anualmente pela cidade. Que só traz prejuízo, morte, sujeira e atrasos.

Segue anexa carta que escrevi em janeiro de 2012 para a Prefeitura de Ponte Nova, quando  sofremos com a enchente.  Com propostas para solucionar os problemas das enchentes. Faça download da carta clicando no link http://www.mediafire.com/view/?93s3y62dzsz6l72 

10º Amparar as associações de bairro e de transformação local.

Existem muitos trabalhos de associações de bairro sendo realizadas em Ponte Nova: Ganga Zumba, Corporação Musical União Sete de Setembro, Associação Quilombola Herdeiros do Banzo, Grupos de  Capoeira,  Zimbabué, Banda  Santíssima Trindade e etc. Esses trabalhos podem ajudar muito no  desenvolvimento dos moradores de  seus  respectivos bairros. Essas associações são organizadas por pessoas carentes que fazem este trabalho voluntariado por amor e consciência social. Eles precisam da ajuda da prefeitura para se organizarem e se estruturarem. Todos estes trabalhos podem ser amparados pelas secretárias de assistência social, cultura e esporte.  

Conclusão:

Diferentemente de politica a nível federal, estadual, e das grandes cidades, politica em um município de pequeno e médio porte é um trabalho bem dinâmico. Ser prefeito de uma cidade não é status e nem  luxo, ser prefeito de uma cidade é uma responsabilidade muito grande e um  compromisso seríssimo que deve ser tratado com muito respeito. Um prefeito competente transforma a cidade e a realidade de seus a habitantes.
Ponte Nova, fim do quente inverno de 2012.





quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Fantasie - Jörg Widmann, by Tiago Delgado (Brazil)

   Tiago Delgado interpreta Fantasie do compositor e clarinetista alemão Jorg Widmann. Tiago Delgado é mineiro de Ponte Nova, mora há 4 anos em Belo Horizonte onde faz o curso de música na Universidade Federal de Minas Gerais.


segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Joey - Percepções

O Projeto "Pontinoando" surge na pororoca cultural que permeia hoje a cidade de Ponte Nova. Nessa série de entrevistas chamada "Percepções", Rogério Saraiva faz vídeos simples e objetivos na perspectiva de tornar conhecido esses nomes que nadam contra a maré de enxurradas onde a maioria dos artistas enfrentam.

Joey é cantor, compositor e multi-instrumentalista. Com uma trajetória artística invejável, ele persiste em fazer cultura em sua cidade. Um pensamento novo, um olhar sincero, um violão e uma voz encantadora que o faz ser admirado por todos.

O Debate entre os candidatos à prefeito de Ponte Nova na TV Educar

           Na última quinta feira dia 20 de setembro a TV Educar transmitiu ao vivo pela tv e internet o debate dos candidatos à prefeitura de Ponte Nova. A transmissão foi bastante comprometida por falhas técnicas que iam desde chiados, passando por vazamento de áudio dos bastidores e interrupções momentâneas de imagem e áudio.   
            No primeiro bloco as perguntas foram feitas pela população. Houve muitas perguntas relacionadas ao saneamento e à saúde e nenhuma relacionada à educação, desenvolvimento social e cultura. Essas perguntas mostraram o total descaso que a atual administração teve com as comunidades rurais e periféricas, que sequer contam com pavimentação das ruas onde moram e estradas que levam às rodovias usadas para escoar suas mercadorias para a cidade. A organização do debate poderia ter procurado meios de diversificar as perguntas, uma vez que uma única pergunta sobre pavimentação de ruas e estradas já permitiria aos candidatos se informarem de que a falta de pavimentação é um problema que aflige alguns bairros e comunidades dentro do município.
           O debate foi antecedido por sabatinas que aconteceram em vários pontos da cidade, a última delas realizada pela Escola Musical Percepção Musical e o NAED, no dia 15 de setembro. Contudo, esse debate organizado pela TV Educar é o único que contou com a presença de todos os cinco candidatos à prefeito de Ponte Nova. Assisti ao debate pela internet e resolvi colocar aqui minhas impressões sobre a participação dos candidatos, vamos a elas.




Orlando da Coferpon 23
Prefeito PPS 
Partido: Partido Popular Socialista
Coligação: Partido não coligado
  Orlando Coferpon, número 23, candidato do PPS, não surpreendeu. Assim como tem feito na sua propaganda eleitoral no rádio e tv, recorreu à velha retórica surrada, associada à figura caricata do político do interior, que procura através do seu discurso despertar emoções que criem uma afinidade dos eleitores para com a sua figura. Trata-se da velha falácia de argumentum ad populum, cujo propósito é substituir a argumentação pela comoção. Nessas eleições ninguém superou o candidato do PPS no quesito retórica de botequim. Orlando procurou comover o eleitor através da sua biografia de individuo que sofreu as mazelas pelas quais passam todas as pessoas de origem humilde. O candidato do PPS falou sobre o início de sua carreira de empresário vendendo picolé e de como vencendo todos os obstáculos construiu uma empresa de sucesso, a COFERPON. Orlando falou do tempo em que vivia de maneira humilde com seus pais, das dificuldades que passou. Imaginem, arrancou dentes sem anestesia nesse período. Também ressaltou sua fé em Deus, dentre outras situações pelas quais passou antes de se tornar o empresário de sucesso de hoje. Ao ser perguntado pelo candidato Guto Malta do PT qual eram as diretrizes que norteiam seu projeto político para a cidade, Orlando disse que um projeto político não passa de promessa, e que seu projeto político se apoia nas suas boas intenções e na sua reputação de cidadão honesto e empresário bem sucedido. Toda essa retoriqueta construída com o único objetivo de disfarçar a falta de propostas para a cidade e a incapacidade de responder com alguma propriedade as perguntas que lhe foram direcionadas.
Guilherme Pimpa 31
Prefeito PHS 
Partido: Partido Humanista da Solidariedade
Coligação: Partido não coligado
          O candidato do PHS Guilherme Pimpa mostrou-se claramente despreparado para o debate. Sua participação criou uma situação análoga àquela das brincadeiras de criança, quando permitimos ao amiguinho mais novo participar da brincadeira sem ainda ter maturidade para tanto na condição de café com leite. Guilherme Pimpa mostrou-se desde o início ser o café com leite dessas eleições municipais em Ponte Nova. Ao apresentar-se estava claramente nervoso, falando de forma confusa, sem conseguir sequer administrar o tempo destinado à sua saudação aos eleitores e presentes ao debate. Aliás, foram raríssimos os momentos em que Guilherme Pimpa conseguiu concluir uma de suas respostas, sempre se perdendo quanto a contagem do tempo. Respondeu de modo bastante precário às perguntas que lhe foram direcionadas, mostrando total despreparo para assumir o cargo de prefeito de Ponte Nova.
Dr Taquinho 40
Prefeito PSB 
Partido: Partido Socialista Brasileiro
Coligação: Reconstruindo Ponte Nova
           

               Taquinho Linhares do PSB fez uma grave denuncia no segundo bloco do debate. Ao ser sorteado para direcionar uma pergunta a um de seus concorrentes, escolheu o candidato Chico Augusto do PSDB. Segundo Taquinho o candidato tucano estaria recorrendo ao sórdido artifício de denegrir a imagem de seu concorrente do PSB através da distribuição de panfletos anônimos. Panfletos esses nem tão anônimos assim uma vez que Taquinho alega possuir provas de que o PSDB estaria recorrendo a este tipo de estratégia. Isso não surpreende, já que nas últimas eleições presidenciais o candidato José Serra do PSDB, procurou minar a candidatura de sua adversária e hoje presidente da república Dilma Rousseff através de recursos dessa natureza. A ênfase de Taquinho Linhares se concentrou em comparar sua administração como prefeito de Ponte Nova com a atual. Taquinho mostrou todas as conquistas que alcançou à frente da prefeitura pontenovense e que repetirá, caso se eleja, o mesmo desempenho do passado. A estratégia de Taquinho Linhares consistiu em falar de sua administração passada, certamente porque em tese comprovaria sua capacidade de administrar bem a cidade. Certamente a administração de Taquinho Linhares conseguiu melhorar e muito Ponte Nova. Vínhamos de um período de 8 anos sob a batuta do PSDB, que só fez aumentar os problemas sociais da cidade e levar o empresariado pontenovense a aumentar seu controle sobre a cidade. Contudo, faltou ao candidato mostrar novas propostas, quais as metas e o foco de sua administração se eleito. A ênfase no período em que governou Ponte Nova é sem dúvida seu trunfo, mas pode também ser seu ponto fraco.
Chico Augusto 45
Prefeito PSDB 
Partido: Partido da Social Democracia Brasileira
Coligação: Vamos Juntos Ponte Nova
            Chico Augusto do PSDB teve um desempenho mediano. Não conseguiu se defender das acusações de Taquinho Linhares de que o PSDB estaria por trás dos panfletos distribuídos pela cidade cujo conteúdo calunia e difama o caráter do candidato do PSB. Pouco seguro em suas respostas, Chico Augusto mostrou pouca intimidade com o trato político e com as palavras. Suas respostas vagas mostram que falta um senso de direção que o permita levar Ponte Nova à resolver seus principais problemas, que certamente estão centrados em políticas públicas de caráter social. A participação de Chico Augusto não passou disso..
           






Guto Malta 13
Prefeito PT 
Partido: Partido dos Trabalhadores
Coligação: Inova Ponte Nova
              Guto Malta, candidato petista, desde sua apresentação falou de maneira firme e direta. Respondeu de forma clara e segura todas as perguntas que lhe foram dirigidas. Mostrou ter uma ligação forte com o partido ao qual se filiou, uma vez que conhece o projeto político petista para o Brasil, ao qual mostrou no debate ter alinhado o seu próprio, construído para Ponte Nova. Essa característica não é comum aos outros candidatos, que mostram pouco conhecer da ideologia dos partidos que representam. Guto Malta não recorreu à demagogia, não fugiu das perguntas com respostas evasivas e sem sentido, não contou histórias da sua vida, nem tentou comover o eleitor. Procurou mostrar as propostas de seu plano de governo para Ponte Nova e quando foi lhe concedida a oportunidade de questionar seus concorrentes, procurou fazer com que estes falassem sobre seus projetos, de como estes resolveriam os problemas que afligem nossa cidade. Orlando COFERPON teve a oportunidade de responder esta pergunta, contudo, recorreu a uma resposta evasiva e concluiu sua fala dizendo que projeto político é promessa e que seu projeto era o reflexo de seu caráter. Guto Malta, então, explicou a Orlando o que é um projeto político e de que este é mais que um conjunto de promessas, mas a construção de possíveis soluções aos problemas da cidade. Um projeto de governo só pode ser construído com base no conhecimento dos problemas que afligem a cidade. Orlando afirmou ser o único que sabe como fazer, contudo ainda não pensou o que deve ser feito e quais estratégias devem ser adotadas para que os problemas possam ser resolvidos. Outro momento de Guto Malta que deve ser destacado durante o debate refere-se à pergunta feita pelo representante da Rádio Ponte Nova, o senhor Padre José Luiz. Em um dos blocos do debate as perguntas foram elaboradas pelos órgãos de imprensa de Ponte Nova. A Rádio Ponte Nova elaborou uma pergunta curiosa, bastante unilateral, para não dizer interesseira. Foi perguntado ao candidato petista quais medidas sua administração adotaria, caso fosse eleito, quanto as propagandas feitas por meio de carros de som, motos e bicicletas que fazem propaganda de vários estabelecimentos comerciais da cidade. Ainda na pergunta, a Rádio Ponte Nova defende que esse tipo de propaganda seria exclusividade das rádios, que estariam perdendo dinheiro para esses veículos que fazem propaganda pela cidade. Junto a esta pergunta questionaram o que seria feito para combater as rádios piratas. Guto Malta mostrou que não há qualquer problema relacionado a este tipo de propaganda caso esteja sendo feita dentro das leis municipais referentes à reprodução sonora nas ruas da cidade. Deixou claro que essa propaganda não é exclusividade das rádios, já que não há lei que expresse isso. Guto Malta inclusive ressaltou que irá apoiar esse tipo de propaganda uma vez que se constitui em mais um seguimento na economia da cidade. Quanto às rádios piratas mostrou ao representante da Rádio Ponte Nova que é um problema de responsabilidade federal, devendo, portanto ser resolvido pelo Ministério das Comunicações por meio da polícia federal. Ficou bem claro que a administração petista não favorecerá interesses particulares, que seu comprometimento é com a população pontenovense.
              Essas são minhas impressões sobre o debate, por favor, colaborem deixando comentários nesse post mostrando o que vocês acharam do debate. Para quem não assistiu procure o vídeo, peça a opinião de quem assistiu e comparem com a que compartilho aqui com vocês.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

I Seminário de violão de Ponte Nova

          Acontece de 20 à 22 de setembro de 2012 o I Seminário de Violão de Ponte Nova, organizado pela escola de música Percepção Musical. 


Programação do Seminário de Violão é a seguinte:

Teatro OAB - Quinta-Feira 20/09 :

Abertura com Lauro Vicari / 19:00h 
Concerto Didático com Thiago Costa / 20:00h

Teatro OAB - Sexta-Feira 21/09 :

Jorge Rafael e Lúcio Jacob (Luthier ) / 19:00h
Rodrigo Duarte ( Show - Um Clássico Violão ) / 20:00h

Percepção Musical - Sabádo 22/09 :

Davi Primavera ( Um Popular Violão ) - 10:ooh - Percepção Musical
Masterclass Prof. Valeriano (Conservátorio de Visconde do Rio Branco) - 14:00h Percepção Musical




quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Dog Johnnes: a pegada forte do rock pontenovense

Caros leitores do Born To Lose, nesse exato momento conversava com Nelson Jr. baterista da banda pontenovense Dog Johnnes e consegui autorização da banda para disponibilizar nesse blog o primeiro trabalho de estúdio dos caras, a demo que leva o nome da banda: Dog Johnnes, gravado em 2010 no Estúdio Milenium. Faz algum tempo que tinha o interesse de fazer essa postagem, pois havia ouvido o disco em janeiro de 2011 quando Davi Primavera me presenteou com a demo autografada pelo vocalista João Paulo. 

      O Nelson insistiu em chamar esse trabalho de demo, mas ouvindo as músicas é flagrante a qualidade musical desse trabalho, que certamente é mais que uma demo. A sonoridade da banda tem influência pop, mas incorpora elementos característicos do heavy metal, principalmente nas guitarras, resultando em uma sonoridade interessante, além de garantir a identidade sonora da banda. Essa é a principal conquista da banda, não repetir formulas do pop rock que faz com que muitas bandas não se destaquem e tenham o sombrio destino selado com o fracasso.
        Na estrada desde 2006 a banda firmou-se no cenário musical da Zona da Mata Mineira, em particular na cidade de origem da banda, Ponte Nova. Esse ano a Dog Johnnes foi uma das atrações principais da  48ª Expovale de Ponte Nova, levando um grande público ao Parque de Exposições de Ponte Nova. Vocês podem conferir a performance da banda ao vivo na Expovale 2012 no vídeo abaixo:




Nelson Jr. nos enviou por e mail o release da banda:

DOG JOHNNES

A banda foi  formada em meados de 2006,  por Nelson Jr (bateria). e João Paulo (vocal), 

que contava ainda nessa primeira formação com Felipe (guitarra) e Leonísio (baixo). Este 

último permaneceu na banda por pouco tempo sendo substituído por Lourenço. A proposta 

inicial era de diversão, fazer um som com os amigos, tocando apenas covers. 




Em 2008 houve mudanças de integrantes na banda, sai Felipe e Mário assume a guitarra. 

Em 2009 Lourenço também sai da banda, Paulo Jr. passa a ser o novo baixista. 

Com essa nova formação compuseram 7 músicas próprias, gravadas em agosto de 

2010  no Estúdio Milenium. Em março de 2012 o ex-integrante Felipe retorna à banda, 

que passa a contar com dois guitarristas em sua formação

Hoje a banda toca covers do pop rock nacional e internacional:Pink Floyd, 

Creedence, Rage Against the Machine, Red Hot Chilli Peppers, Pearl Jam, O Rappa, 

Engenheiros do Hawaii, Legiaõ Urbana e claro,  suas próprias composições.


Formação atual:

Felipe (guitarrista)

João Paulo (Vocal)

Mário (guitarrista)

Nelson jr (Baterista)

Paulo jr (Baixista)


O download do álbum pode ser feito clicando no link abaixo:

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

A campanha política e a imprensa pontenovense


“Quando adolescente, eu queria ser jornalista. Não era minha vocação, e sim, extrema admiração pelo que me fascinava: a missão jornalística, de levar as informações a público, checar as fontes, olhar todos os lados na busca pela utópica imparcialidade. Já digo utópica porque vejo a imparcialidade como um ideal, um objetivo a ser alcançado, não uma certeza do trabalho do jornalista, que certamente transmitirá sua opinião pessoal ou de seus empregadores, mesmo que de maneira não intencional. Mas a busca dessa imparcialidade deve nortear suas ações e, principalmente, seus textos”.
                                               Fonte: Observatório da Imprensa A cobertura das greves,

                                  Por Bruna Rodrigues em  28/08/2012 na edição 709


 Não há imparcialidade no jornal, mas um bom jornalista coloca a imparcialidade jornalística como ideal e à persegue. Bruna Rodrigues no trecho de sua matéria estabelece um princípio ético que deve pautar a atividade jornalística. A responsabilidade com a busca da imparcialidade dos fatos (mesmo que seja impossível encalçá-la) relatados na notícia reflete o respeito com o leitor e consigo mesmo enquanto jornalista.  
            Tivemos um caso interessante essa semana na imprensa pontenovense. Os jornais Folha de Ponte Nova e Unidades de Notícias cobriram o encontro entre os candidatos à prefeitura de Ponte Nova organizado pela OAB desta cidade, que aconteceu durante a Semana do Advogado. O título da matéria na Folha de Ponte Nova é o seguinte:

Só 2 candidatos na Conferência de Prefeitáveis da OAB

por FOLHA DE PONTE NOVA, Terça, 28 de Agosto de 2012 às 09:40 ·
Três candidatos a prefeito de Ponte Nova - Taquinho Linhares/PSB, Guto Malta/PT e Guilherme Pimpa/PHS - boicotaram a Conferência organizada pela OAB/Ponte Nova, na noite de 24/8, em sua sede, como parte da Semana do Advogado.

            A Folha de Ponte Nova noticia um boicote à Conferência de Prefeitáveis organizada pela OAB por parte dos candidatos Taquinho Linhares/PSB, Guto Malta/PT e Guilherme Pimpa/PHS. Ao empregar o termo boicote a Folha de Ponte Nova afirma que houve a intenção dos candidatos citados em não comparecer a fim de prejudicar o encontro. A chamada da notícia faz com que nós leitores sejamos levados a entender que os candidatos que não compareceram estão evitando o confronto de ideias por motivos que desconhecemos. Aliás, eticamente é correto o jornalista tratar a notícia assim? O jornalista não deveria se ater aos FATOS e o fato nesse caso não seria que os candidatos não compareceram? Contudo o termo escolhido para qualificar a ausência dos candidatos foi BOICOTE! Pergunto ao autor da notícia: o senhor tem como provar que os candidatos BOICOTARAM a Conferência? No corpo da notícia o diretor da OAB e apresentador do encontro Luis Raimundo de Oliveira é citado como autor da qualificação da ausência dos candidatos através do uso do termo boicote. Havendo acusação não seria necessário procurar os candidatos ausentes para que pudessem explicar a sua ausência e se defender da acusação de boicote por parte de um dos organizadores do evento? Não seria esse o modo justo de tratar a notícia?
O jornal Unidade de Notícias também noticiou a ausência dos três candidatos, contudo não menciona a existência de um boicote, detêm-se apenas em relatar a ausência dos prefeitáveis, ressaltando que os candidatos presentes aproveitaram a ocasião para apresentar suas propostas de governo e responder perguntas da plateia.
Domingo, 26 de agosto de 2012
NOTÍCIAS
OAB-PN realiza encontro de candidatos a prefeitos e somente dois candidatos compareceram

Três candidatos a Prefeitos de Ponte Nova, Taquinho Linhares, PSB, Guto Malta, PT e Guilherme Pimpa, PHS, não compareceram ao evento organizado pela OAB de Ponte Nova, onde os candidatos onde teriam a oportunidade de apresentarem seus programas de governo, e responderiam perguntas da plateia presente.
             Uma vez que não há imparcialidade no jornalismo, mas que é possível ao menos perseguir esse ideal pergunto: quem chegou mais perto de realizar o ideal da imparcialidade jornalística? Se quiserem, quem respeitou o direito do leitor a tirar suas próprias conclusões sobre o fato?
            Havendo acusação de BOICOTE aos candidatos que não compareceram ao encontro organizado pela OAB, não caberia à Folha de Ponte Nova procurar os candidatos a fim de saber o motivo da sua ausência antes de publicar a notícia? Considero que os ausentes tem esse direito e foi por isso que os questionei sobre o não comparecimento em meu perfil no Facebook, leia o post na íntegra clicando no link http://www.facebook.com/carlosinacio.coelhoneto/posts/440190986023945?notif_t=comment_mention. O candidato Guto Malta se pronunciou e comentou o caso:
Sim. Estamos preparando uma nota para ser divulgada. O presidente da OAB é filiado ao PMDB e é assessor jurídico da prefeitura e do prefeito atual. O outro é secretário de cultura e Chico Cunha, primo do vice-prefeito. Estipularam uma regra absurda. A exposição do plano de governo não poderia em momento algum reportar-se ao governo atual. A preocupação é alavancar as candidaturas oficiais e esconder a todo custo o estado de abandono, de afronta e de descompromisso com as pessoas e a cidade. A OAB de Ponte Nova prestou sim um aval ao retrocesso e a preocupação de alguns dirigentes é garantir o ganha pão. Da mesma forma, não haveria direito de resposta ou qualquer indagação sobre as propostas apresentadas. Lamento profundamente a atitude pequena e sorrateira de uma OAB descompromissada e comprometida até o pescoço. Festão usando o espaço da OAB para promover candidatos além de outras cosias. Lamentável. Não concordaram sequer em dividir as credenciais entre os candidatos, com a conversa de quem chegasse primeiro. Não vou legitimar absurdos e atitudes anti-democráticas. Não vou permitir que zombem e afrontem o nosso povo utilizando-se da entidade. Querem levar vantagem, saiam imediatamente da OAB. Aliás, os mesmos que estão falando bobagens são os mesmos que estão armando eleição na OAB com chapa única. Não sou covarde e não fujo do debate, mas não compactuo com malfeito e com a sacanagem. Inimigos ontem, aliados hoje, acho estranho a aliança entre Chico Cunha e Luiz Ângelo. Luiz Raimundo depois da FAVAP precisou encontrar um espaço na administração pública. Não vou permitir que o pleito eleitoral se transforme em ambiente armado e articulado para alavancar duas candidaturas que representam o pior da política local. Perco a eleição, mas não perco a minha dignidade e honradez e lutarei até o final para que prevaleça o direito e a justiça. Sempre.
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            Devemos, enquanto leitores dos jornais pontenovenses, estar atentos ao modo como a notícia é veiculada pelos jornais de nossa cidade. Principalmente notícias que tem caráter político, uma vez que nos encontramos em processo de campanha eleitoral. Há interesses em jogo, muitas vezes os jornais são usados como instrumento da campanha desse ou daquele candidato e as notícias podem ser tendenciosas, buscando servir a interesses de campanha. Comparar as notícias em diferentes veículos de informação passa a ser uma prática necessária ao eleitor para que possa tirar suas conclusões com independência e não ser levado a comprar uma opinião e reproduzi-la por aí.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

A Nova Face da Arte Pontenovense


        Nos últimos anos formou-se em Ponte Nova uma nova consciência de classe, cujos membros pertencem às mais variadas correntes artísticas. Significa que antes disso não havia uma classe de artistas em Ponte Nova? Havia, contudo não era organizada politicamente, o que a desprovia de uma consciência. Sendo assim, essa classe não sabia quais os seus direitos, tampouco seu papel político dentro da sociedade pontenovense e quais as ações que deviam ser feitas para fortalecerem a cultura e serem levados à sério. Os artistas lutavam isoladamente, havia o Grupo de Teatro do Pontenovense, dirigido por Hailton Karran, a poesia de Laenne Teixeira Mucci, as esculturas de Antônio Inácio (Boneca) e um celeiro musical fecundo, todos se conheciam, mas não perceberam que tinham objetivos e responsabilidades em comum, ou se perceberam nada fizeram.
   Citei alguns nomes que fazem parte de nossa história cultural, mas que não perceberam a força política que teriam caso se unissem. Vou mais longe, não perceberam sua responsabilidade política junto à sociedade pontenovense. Muitos deles tiveram que buscar seu reconhecimento artístico fora de Ponta Nova. Posso falar com mais propriedade do escultor Antônio Inácio (Boneca) que para ter realizado seu sonho de viver unicamente de sua arte teve que ir para Ouro Preto, cidade onde expõe suas esculturas há mais de vinte anos e as vende para pessoas de todo o mundo. O fato dessa geração de artistas não ter percebido a força que poderiam ter caso se articulassem politicamente levou Ponte Nova à não valorizar a arte e aqueles que a fazem.
Desta forma não havia pressão dessa classe sobre os governantes para que a área artístico-cultural de Ponte Nova se fortalecesse. Uma classe que abre mão de sua reponsabilidade política está fadada ao esquecimento, permitindo que as classes dominantes exerçam seu poder sobre ela da maneira como bem entenderem e foi o que fizeram. Assim, os governantes simplesmente fecharam os olhos às questões ligadas à arte e à cultura de nossa cidade. Passaram-se décadas, gerações, um novo milênio surgiu e Ponte Nova continuava desprovida de uma vida cultural.

Uma nova geração

Aqueles artistas tiveram, portanto, a sua parcela de culpa sobre o atraso na área artístico-cultural pontenovense, uma vez que deixaram os governantes a vontade para oprimi-los, privando a população de ter acesso à cultura e a si mesmos de viverem dela. Da mesma forma, a população brasileira tem sua parcela de culpa sobre a situação precária em que vive. Como seres políticos, temos o dever de agir politicamente, todos nós que fazemos parte da sociedade. Assim, cada um de nós tem sua parcela de culpa sobre os abusos e injustiças às quais somos expostos diariamente pelos governantes, empresários e bancários. Isso acontece porque na maioria dos casos optamos por não exercer nosso dever para com a sociedade em que vivemos.
Dentro desse contexto uma nova geração de artistas crescia, descobria seus talentos, caminhava em direção ao fazer artístico de seu interesse. Atores, músicos, artistas plásticos, poetas, dançarinos começavam o seu caminho nas artes numa cidade carente de incentivos nessa área. O fato de viverem em uma cidade do interior fez com que fosse inevitável que se encontrassem em algum momento e estabelecessem um vínculo de amizade uns com os outros. O amadurecimento artístico apontou apenas um caminho possível para que ganhassem a vida: sua arte. Assim artistas como Wesley Costa Mello, Davi Primavera e Emerson de Paula, não se contentaram em arrumar uma “profissão de verdade” e resolveram lutar por viver da arte sem ter que espera uma aposentadoria para fazê-lo. Considero esses três nomes e a atitude que tiveram como o fato que marcou o novo momento cultural que vivemos hoje em Ponte Nova. Essa atitude é sem dúvida o marco dessa geração, o que melhor a define. Tiveram coragem de arriscar viver de um trabalho que lhes realizasse como seres humanos, não o trabalho que anule, aquele repetitivo e sem sentido realizado durante oito horas por dia no interior das fábricas, atrás dos caixas, dos balcões, que não permite viver, mas apenas sobreviver. Perceberam que desempenhar outra atividade lhes tiraria a humanidade, os reduziriam à apêndices de circuitos mecânicos, pois o que é um caixa de supermercado, que não a extensão do seu caixa ou do seu balcão? 

Fatos decisivos

Wesley Costa Mello fundou a Percepção Musical, que ao contrário de tudo que surge em Ponte Nova, seja um bar, restaurante, indústria ou empresa, não deixou de existir. Fundada em 2009 a Percepção Musical cresceu e se fortaleceu, contando hoje com um bom número de professores que ensinam violão clássico, violão popular, canto, guitarra, acordeom, piano, saxofone, teoria musical e bateria há mais de cem alunos. Junto dos professores da Percepção e outros colaboradores, mantém há dois anos o projeto Tocando em Frente, realizado sempre na manhã dos último sábado de cada mês. 
Também na última década Davi Primavera munido da mesma vontade assumiu sua carreira musical,  compondo suas próprias canções, tocando em bares restaurantes e casas de show no interior mineiro. Uniu-se à Wesley na Percepção Musical assumindo o curso de violão popular em 2010 e hoje tem uma carreira musical consolidada e reconhecida em Ponte Nova e região. 
Nesta mesma década Emerson de Paula gradua-se em Teatro pela Universidade Federal de Ouro Preto, retorna à Ponte Nova e funda o NAED – Núcleo Artístico e Educacional, promovendo cursos, formando atores e montando peças. O teatro pontenovense ganha força e passa a ter na figura de Emerson de Paula seu principal divulgador.
No início de 2012 a relação entre o NAED e a Percepção Musical foi oficializada e comemorada por todos os artistas e pessoas ligadas à cultura pontenovense. Novas gerações de músicos, atores, dançarinos, produtores estão sendo formadas nessas duas INSTITUIÇÕES CULTURAIS de Ponte Nova. Compartilhando o mesmo espaço físico que proporciona diálogos entre os diferentes artistas vinculados a cada uma delas. Some a isso as pessoas interessadas em arte que o frequentam,  o fato de ser aberto a todos, mesmo que não sejam alunos, constitui um espaço de formação contínua.

A luta e suas conquistas

Tem início em Ponte Nova um processo de renovação cultural. Nos últimos cinco anos estes três personagens dessa renovação, passam a agregar em torno de suas ações vários artistas, inclusive aqueles de outras gerações. A classe artística vive um momento de fortalecimento na medida em que começam a se unir em torno de uma proposta em comum e a consciência dessa classe passa a se formar. Wesley Costa Melo e Emerson de Paula tomam a atitude decisiva, ao tomarem para si a responsabilidade política e começam a questionar sobre a condição da cultura e de seus agentes em Ponte Nova. O governo pontenovense passa a ter uma pedra em seu sapato e veem-se pressionados a levar a sério as questões culturais de nossa cidade. Com artigos incisivos publicados semanalmente na Folha de Ponte Nova Wesley Costa Melo não apenas põe o dedo na ferida, mas o aperta sem piedade obrigando que um debate seja estabelecido na esfera pública. Prefeito, secretários e vereadores são obrigados a sair da sua zona de conforto e responder às questões levantadas. Conquistas foram alcançadas, alguns projetos como o Tocando em Frente que acontece na manhã do último sábado de cada mês e que traz sempre uma atração artística da cidade, passaram a contar com apoio da secretaria de cultura. O Festival de Inverno de Ponte Nova, uma iniciativa da gestão do ex-prefeito Taquinho Linhares ganhou força, passou a trazer grandes atrações como João Bosco, Milton Nascimento, Marcus Vianna, dentre outros, além de incorporar à sua programação artistas pontenovenses. 
Apesar das conquistas, muito ainda deve ser feito. Falta à Ponte Nova espaços que possam ser usados pelos artistas para apresentarem seus espetáculos, shows, exposições, peças, etc, problema que pode ser resolvido com a criação de um Teatro Municipal, por exemplo. Não temos uma memória artístico-cultural oficial, a memória artístico-cultural é transmitida oralmente, em conversas entre pessoas do próprio meio artístico, necessitamos de um museu que preserve nossa memória histórico-cultural, além claro, de leis específicas que fortaleçam a arte e a cultura pontenovense. Certamente novos resultados serão alcançados, pois os governantes serão cobrados, terão que conviver com a participação direta da classe artistíca-cultural pontenovense, que além de lutar pela arte e cultura em seu tempo, prepara cultural e politicamente as próximas gerações.