segunda-feira, 20 de julho de 2009

Serie Entre-Vistas, convidado de Julho: Antônio Inácio



Born To Lose – Bom, o senhor pode não saber, mas começamos nossa entrevista a partir de uma pergunta padrão, feita a todos os entrevistados desta série. Vamos a ela: o que é arte para o senhor?

Antônio Inácio - Hoje estou um pouco melhor, já estou em condições de lhe dizer o que é arte para mim. A arte, de um ponto de vista global, é toda a manifestação cultural, tanto de um grupo de pessoas (uma comunidade) ou simplesmente uma manifestação individual. Na que eu me propus ou que me foi colocado a executar, (escultura - peças sacras) a arte é simplismente a transposição de uma idéia, em prática. E o escultor realiza sua arte transpondo para o barro, para a pedra ou para a madeira o que tem dentro de si, usando esses ou outros materiais como veículo de exteriorização do seu Eu interior. Enfim, arte é toda a procura, quase sempre inatingível, da sua paz interior, é o esforço pela preservação da memória do homem, da vida e do amor.

Born To Lose – Em uma parte da sua resposta à pergunta anterior, o senhor diz que a escultura foi a forma de expressão artística que lhe foi colocada a executar. Essa colocação parece sugerir que de certa maneira foi a escultura quem o escolheu, mais do que o senhor tenha escolhido a escultura como manifestação das suas emoções. O que o senhor quer dizer com essa colocação? É mesmo possível que a escultura tenha lhe escolhido?

Antônio Inácio - Quanto ao fato de ter colocado a madeira como o veículo escolhido por mim, refiro-me ao fato do artista ainda no embrião de sua formação, momento em que ainda busca, tanto na música, quanto na literatura e nas artes plásticas uma forma material, um veículo que possa ser o seu transmissor, ou seja, aquilo que o levará a transmitir para outras pessoas as suas idéias. E no meu caso, a madeira foi o que melhor me recebeu, tanto na forma de executar o meu trabalho, como na forma de divulgá-lo.

Born To Lose – Fale um pouco de sua experiência em esculpir utilizando o cimento. De onde surgiu a idéia de fazer esculturas de concreto? Isso realmente é algo inusitado, na medida em não encontramos registros de artistas que tenham feito seus trabalhos utilizando o cimento como matéria prima.

Antônio Inácio - Alô Carlinhos!! Quanto às esculturas em cimento, foi uma experiência do passado e que hoje não faria mais. Primeiro, a idéia inicial era despertar o interesse das pessoas tidas como autoridades no momento para uma forma de arte diferente (um presépio em tamanho natural confeccionado com material diferente) e que ao mesmo despertasse o interesse das pessoas da cidade para visitar e que, ao mesmo tempo, eu conseguisse mostrar o meu trabalho em madeira. Só que as autoridades e as pessoas de Ponte Nova, infelizmente, não sabem nem o porque estão vivendo. Não conhecem a si próprios e vivem num mundo de eternos sonhos, nem dá pra chamar de utopias, pois não conseguem olhar para dentro, e a cada dia que passa me acho cada vez mais ignorante, vivendo junto deste povo.

Um abraço estou indo para Ouro Preto amanhã.

Born To Lose – O entalhe foi um tipo de trabalho que foi bastante usado por você no início de sua carreira como escultor. O entalhe era um tipo de linguagem que o agradava? Porque abandonou o entalhe?

Antônio Inácio – A talha foi para mim o primeiro contacto que tive com a madeira. O que me chamou a atenção foi o fato de perceber que estava diante de uma forma diferente de esculpir. O período em que morem em Belo Horizonte tive a oportunidade de freqüentar algumas galerias de arte e o que estava em voga naquela época era o entalhe. Assim que voltei à Ponte Nova foi idéia de entalhar a madeira o que a princípio me atraiu. Nas galerias de Belo Horizonte as obras feitas através da técnica do entalhe marcavam forte presença, e como tinha interesse na época de ter o meu trabalho em outros lugares... Foi a época em que me inscrevi e consegui espaço para expor na Feira de Arte da Praça da Liberdade em Belo Horizonte, em que fiquei por 2 anos ou mais.

Born To Lose – Poderíamos dizer então que o entalhe foi uma etapa de aprendizagem ou de preparação para iniciar o trabalho com a escultura propriamente dita?

Antônio Inácio - Sim foi durante este período que conheci o Ruy Meheb, com quem tive a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre arte. Logo que ele mudou para Juiz de Fora perdemos o contacto e também tive que trabalhar na Bartofil. Durante este período fiquei quase sem nada esculpir, até que voltei a fazê-lo, desta vez com a arte sacra.

Born To Lose – De que maneira ter que desempenhar um trabalho burocrático em uma empresa como a Bartofil afetou seu trabalho artístico? Como você lidou com esta situação de ter que cumprir uma jornada de trabalho numa empresa e se dedicar a uma carreira artística?

Antônio Inácio - Bem, para mim foi o tempo em que tive que parar, pois veio o casamento e com ele vocês. Antes de trabalhar em armarinhos, estive expondo na feira de artes da Praça da Liberdade em Belo Horizonte às quintas-feiras. Foi um sacrifício, mas ao mesmo tempo tinha a consciência que viver de arte não é fácil. Então, tive que optar pelo emprego. Logo que tive a oportunidade de voltar à esculpir, eu o fiz! Agora já com a opção de aumentar minha renda e investir em livros de arte e discos, mas paguei o preço de quase não acompanhar o desenvolvimento dos meus filhos na infância, pois tinha que me refugiar na laje da minha casa para trabalhar nas minhas esculturas nas horas de folga no serviço na Bartofil, mas faz parte da vida

Born To Lose – No início de sua carreira seus trabalhos estavam mais voltados para as formas abstratas, apresentavam traços psicodélicos: mulheres saindo nuas de flores, corpos humanos se entrelaçando, formas humanas saindo de bocas gigantes, e por aí vai. Considerando este momento de sua carreira não posso deixar de perguntar: o que o levou a mudar para a arte sacra?

Antônio Inácio – Quando comecei a trabalhar ,aos 12 anos de idade,numa fabrica de estuetas de gesso ,com o italiano Cesar Marchi,aprendi a fazer peças em formas,a retocar e concertar peças em gesso.Isto me deu uma base para o que faço hoje.Quando sai do tiro de guerra,e fui para Bhte,aos 19 anos,andava pelas galerias de arte,aos finais de semana observando o que havia na epoca.Voltando a Ponte Nova ,comecei a entalhar Talhas ou seja peças em madeira em uma dimensao.Ai que conheci o Ruy Meheb ,pintor ja consagrado e funcionario do BB,que me orientou e deixou que trabalhasse em seu Atelier,.Foi nessa epoca que consegui atraves de concurso ,uma vaga para expor na feira de arte em BH..Bem ,quanto as esculturas sacras ,devido as necessidades da epoca e a ideia de ir para uma cidade onde tinha a possibilidade de conseguir,comercializa-las ,voltei as origens quando trabalhei com o gesso ,que me deu base para o que faço hoje.Por isto a ideia de ir para Ouro Preto ,cidade turistica e com um turismo cultural

Born To Lose – Aproveitando o gancho das artes sacras, aproveito para perguntar qual sua relação com a figura de São Francisco de Assis, tão presente na sua obra ? E de onde vem esse vínculo?

Antônio Inácio – Ah, sim! O São Francisco!! A minha relação com este santo e a sua história! Um grande homem, o ser humano que mais se identificou com o Cristianismo, com o Cristo,teve a coragem de se despir da riqueza em que vivia, foi guerreiro, hippie, lutou contra a igreja católica e antes de tudo foi uma figura simplesmente humilde. Quanto a gostar de esculpir mais o São Francisco ... Gosto de esculpi-lo porque ele é um santo livre dos padrões das imagens sacras, é um santo mais solto, lhe dá a oportunidade de criar em cima da sua imagem; é possível estilizá-lo, fazê-lo deitado, tocando violão, enfim de todas as maneiras que você fizer uma imagem de São Francisco as pessoas irão identificá-lo, além disso, existe uma vasta camada de pessoas que colecionam a sua imagem. Porém, o mais importante é que Ele, São Francisco, está sempre comigo espiritualmente e nunca me deixa sozinho. Anexo uma oração Dele que acho muito forte e boa e que passo para todas as pessoas que me compram uma imagem Dele.

Born To Lose - Bom pai, acompanhei de perto sua tentativa de buscar algum apoio das ditas "autoridades da cidade" para a realização de algumas de suas obras. O Presépio em Tamanho Natural foi um projeto particular, cuja intenação era transformá-lo em patrimônio cultural da cidade. O prefeito da época, Ademir Ragazzi, barganhou muito e acabou oferecendo um preço muito baixo em relação ao que você havia estipulado. Durante o governo de Zezé Abdalla, dois mandatos seguidos, ou seja, oito anos, nada foi feito em favor da cultura. O ultimo Prefeito, Taquinho Linhares, parece ter dado atenção maior ao aspecto cultural, pois Tiago me falou de um projeto da prefeitura junto a Tim de música para crianças, aconteceram edições do Festival de Inverno de Ponte Nova, etc. Como você vê esta relação entre arte e poder público em Ponte Nova? Porque seu trabalho não foi devidamente reconhecido na cidade durante todo este tempo? A que você atribui este descaso?

Antônio Inácio – Bem Carlinhos, Ponte Nova infelizmente nunca deu importância para a cultura e ainda tem ciúmes das pessoas que aqui nasceram e fizeram história fora da cidade, como João Bosco, Reinaldo, Tunai e outras personalidades daqui. O próprio Ruy Meheb, que quando aqui morou, e já tinha uma expressão em Minas, nunca fez uma exposição por aqui. Imagina eu, que nem daqui sou. Quanto a isto não me importo, por isto saí daqui e fui para Ouro Preto. Quanto ao presépio, vi depois que o fiz, que era como conversar com poste, entende? Um abraço a você e em Elidi. Saúde.

Born To Lose – Ano passado alunos do Ensino Médio foram até sua casa lhe procurar para gravar uma entrevista, fazia parte de um trabalho escolar. Em uma cidade como Ponte Nova onde os artistas nativos não são valorizados, desconhecidos até, qual a importância de adolescentes, uma nova geração da cidade, lhe procurarem para gravar um vídeo?

Antônio Inácio: Realmente é gratificante quando crianças ou adolescentes vem fazer entrevista para trabalhos escolares. Sempre que acontece nas escolas algum trabalho ligado a arte eles sempre vem aqui. Acho muito bom que isto aconteça apesar das perguntas serem sempre as mesmas, pois permite que estas crianças entrem em contato com o mundo da arte e o que é melhor, que está acessível a elas, não é preciso ir a um museu para ver arte, basta ir ao atelier de um artista da própria cidade e vê-lo trabalhando, vendo o processo de criação acontecer. Geralmente quando encontro um destes estudantes que foram lá em casa fazer um trabalho escolar comigo nas ruas eles me reconhecem e sempre agradecem e até mesmo os pais deste alunos vem com eles é uma forma de divulgar o meu trabalho dentro da cidade .

Born To Lose: Isso tem algum significado pra você, quer dizer, revela o despontar, mesmo que tímido, de uma conscientização do povo pontenovense acerca da arte feita em sua cidade?

Antônio Inácio: O despertar ainda que tímido de uma conscientização do povo pontenovense... Bom, acredito que o fato de algumas vezes aparecer em algum jornal da cidade, ser um artista com uma carreira de mais de 40 anos, praticamente construída em Ponte Nova, embora eu tenha tido que ir para Ouro Preto para ter o reconhecimento do meu trabalho e poder viver dele, faz com que as pessoas, no caso aqui os estudantes me procurem para fazer o trabalho do colégio. Entretanto, há um problema nisso, sei que eles me procuram por não terem conhecimento de outros artistas, e neste caso não falo dos alunos, mas dos seus pais e professores, que não conhecem outros artistas de Ponte Nova, claro tem a Dona Laene também, que tem felizmente um reconhecimento fantástico da cidade. Este reconhecimento limitado aos artistas que tem uma carreira mais longa, que são mais velhos, que fazem parte de uma outra geração, mostra a falta de uma política para a divulgação e conscientização da cultura pontenovense. Eu sei que há novos artistas em Ponte Nova, porque muitos deles são amigos do meu filho Carlinhos, tem o Jaquesson que recentemente lançou um livro de poesias em Ouro Preto, te o Dalton que tem uma banda com composições próprias, tem o Wesley que tem uma escolinha de música, tem o Rogério que também é poeta e minha filha a Paula que tem trabalhos em artes plásticas. Certamente devem haver outros, mas nós os desconhecemos por não haver uma divulgação cultural apropriada na cidade. Neste ultimo vídeo em que os alunos fizeram a entrevista comigo e que você postou lá no meu blog, os alunos foram acompanhados por algumas professoras e a mãe de um aluno, que por ironia não é pontenovense.

Born To Lose: Você me mandou um email falando de um trabalho seu que esta em andamento cujo tema é a cidade de Ouro Preto. O que o motivou a fazer um trabalho sobre Ouro Preto?

Antonio Inácio: O trabalho que me refiro é mais um passa tempo, são imagens que faço no Corel Draw, montagens na verdade. Ouro Preto é a cidade onde me estabeleci artisticamente, tenho certo reconhecimento entre as pessoas, tanto moradores quanto artistas, do centro histórico desta cidade. Por isso acabei desenvolvendo um afeto pela cidade, por ela de certo modo ter me permitido realizar meu sonho de viver de arte. Então, o trabalho que estou fazendo é uma forma de homenagear a cidade e uma maneira de agradecer ao turista que visita meu atelier, pois a idéia é transformar estas montagens em cartões postais, que além de ser uma lembrança da visita a Ouro Preto, é também meu cartão de visitas.

Born To Lose: O que você acha que arte ainda pode lhe proporcionar pessoal e profissionalmente?

Antonio Inácio: A arte em geral (na musica, na escrita,nas artes plásticas em geral)lhe da a oportunidade de viver apos a morte da carne.Todo ser humano vive através daquilo que ele realizou, em vida .O cara que bebe em um boteco, ele será sempre lembrado enquanto as pessoas que freqüentam aquele boteco existirem e falarem dele. De Vincent Van Gogh, São Francisco, Cristo, Sócrates, Platão estão vivos ate hoje. Atravessaram o tempo, toda hora e em todo o mundo, alguém esta falando ou discutindo sobre estes caras. Então o importante na vida são as pegadas que você deixa aqui no mundo fisiológico.

Born To Lose: Obrigado por ter nos concedido esta entrevista! Gostaria que finalizássemos com uma mensagem sua àqueles que desejam seguir a carreira artística, principalmente aos mais jovens, ainda sonhando e vendo a possibilidade de construírem suas vidas fazendo arte.

Antônio Inácio: Bem o que posso dizer para um jovem adolescente que queira viver(

de arte é que como na vida comum ou como artista ele tem que estabelecer um objetivo e persegui-lo independente dos obstáculos, que na vida sempre aparecem e sob todas as circunstancias. No caso da arte, ele terá que ver se tem tendência para um tipo de arte e procurar o que melhor lhe ofereça, aprender o básico e praticar o máximo possível porque só com a prática é que se descobre as curvas e os obstáculos da vida. Muito obrigado

sábado, 18 de julho de 2009

Um pouco de Antônio Inácio

A Série Entre-Vistas traz no mês de julho o escultor mineiro Antônio Inácio. Nascido na cidade de Cajuri, desde a infância mora em Ponte Nova. Iniciou sua carreira muito jovem, aos doze anos de idade, trabalhando na antiga fábrica de Santos de Ponte Nova. Foi na linha de montagem desta fábrica, onde eram fabricadas imagens de santos tendo o gesso como matéria prima, que Antônio Inácio, também conhecido como Boneca, teve os primeiros contatos com a arte de esculpir. Anos mais tarde conhece o pintor Rui Meheb com quem aprende sobre o mundo da arte, permitindo-lhe adquirir um conhecimento mais apurado e profundo da prática artística, levando-o a dar seus primeiros passos em direção à construção de seu estilo próprio. Inicialmente o escultor trabalhou com formas abstratas, aproveitando troncos de árvores, tendo sempre presente em suas obras a presença da sexualidade. Formas femininas sinuosas aparecem e somem entre folhas e pássaros, criando uma cena com forte enfoque à naturalidade e beleza presentes na harmonia entre o homem e a natureza. Nesta fase inicial Boneca dividia a escultura com o entalhe, onde a tônica da criação ainda eram as formas femininas e a imagem da natureza como morada do ser humano. No final dos anos oitenta Antônio Inácio monta seu primeiro atelier na cidade histórica de Ouro Preto, onde foi recebido com imenso carinho e teve o reconhecimento de sua arte, o que ainda não ocorreu em sua cidade, Ponte Nova. No início dos anos noventa Antonio Inácio começa a trabalhar em um novo projeto, a construção de um Presépio em Tamanho Natural. Faz-uso de uma técnica inusitada: a escultura em concreto. Prontas as estátuas, Antonio Inácio as coloca em sua rua, simulando a caminhada dos pastores e dos Reis Magos em direção à manjedoura onde a Sagrada Família está reunida. A idéia do artista inicialmente foi vender esta obra à prefeitura de Ponte Nova para que a obra fosse posta em um lugar de destaque onde pudesse ser visitada e preservada pela própria Prefeitura. Não foi o que aconteceu e as peças gigantes permaneceram na rua do artista, sofrendo depredações por parte de vândalos até se reduzirem às peças que compõem a manjedoura, preservadas apenas por estarem atrás dos muros da casa do artista. O descaso das autoridades pontenovenses com relação à obra do escultor fizerem com que desistisse da escultura em concreto, levando o escultor a estabelecer a madeira como matéria prima para construção de suas imagens. Após a experiência com o concreto Antonio Inácio inicia uma nova fase, passa a se dedicar à arte sacra, buscando direcionar seu trabalho à comercialização de suas peças. Neste período Antonio Inácio “bota os pés no chão” na medida em que passa a pensar de modo prático, buscando ganhar seu sustento através da sua arte. No final dos anos noventa o artista consegue alcançar este sonho, deixa o emprego no escritório da Bartofil, exercido por longos trinta anos, obrigando-o a se dedicar à escultura após o expediente, privando-o de um contato mais próximo da própria família. Em Ouro Preto Antonio Inácio conseguiu estabelecer seu atelier, recebe visita de turistas de todas as partes do Brasil e do Mundo, ajudando a divulga sua arte mundo afora. Em 1998, quando Ouro Preto completava 300 anos, o artista fez parte da matéria de capa da Revista National Geographic dedicada ao tricentenário de Ouro Preto. Aos 59 anos de idade Antonio Inácio mostra a serenidade de quem viveu em prol da arte e nos traz importantes questões acerca do próprio viver. A entrevista sai no dia 20 deste mês, enquanto isso visitem o blog do artista, o link é: http://inacioartesacra.blogspot.com/.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

O retorno do Primitive Rock e o nacimento do Power Duo


A formação Baixo, Guitarra e Bateria foi imortalizada por bandas de tendências bastante diferentes como Blue Cheer, Cream, The Jimmi Hendrix Experience, Motor Head e Rush. Esta formação ficou conhecida como Power Trio e mostrou que pra fazer Rock a três é preciso fazer jus às bolas, mais que os outros.

Em 2007 aconteceu algo inusitado comigo, em Ponte Nova, conhecida, não gratuitamente, como Ilha da Fantasia. O Davi Primavera, grande músico daquela cidade, sempre organizando eventos musicais, focando principalmente a divulgação das bandas de rock pontenovenses, enfim, suando a camisa em prol da arte de fazer barulho estava organizando um novo evento, onde eu iria ver o rock dar um novo passo, momento em que a quantidade de integrantes iria diminuir e a energia musical atingir padrões superiores aos alcançados pela mais agressiva banda de hardcore.

Felizmente estava na cidade naquele momento, final de ano, quando vou à Minas visitar meus pais e amigos, e fui ao Hotel Glória, ambiente mais que propício à sonoridade do punk rock e do hardcore, participar de mais um encontro de Rock organizado pelo Davi, quando vi a formação Power Trio ser superada. Em cima do palco apenas dois caras, bateria e guitarra; com aquela agressividade meu velho, baixo praquê? Nascia o Power Duo. Pra formar um Power Duo meu irmão, pode botar fé, tem que ter mais culhôes do que os caras do Power Trio, mais tesão, mais vontade de explodir em riffs, gritos e batidas. Pra ser um Power Duo é preciso ser um Reator Nuclear, e não há outra definição para o Chivas Duo a não ser esta: REATOR NUCLEAR. Amigos é muita energia liberada pelo som dos caras, olhando a performance da banda em cima do palco, percebe-se o retorno do feeling próprio do Primitive Rock, presente nos primeiros riffs do Chuck Berry e que a industria da música extinguiu. Aquilo que hoje se convencionou chamar de rock, estas pseudo bandas, pré fabricadas em estúdios gigantescos, reflexo das reuniões de empresários ávidos por lucro, que garantem a estas bandecas logo no primeiro álbum a ponta das paradas, a excução sistemáticas de suas musiquetas melodramáticas nas rádios, e daí BUM já estão tocando em tudo quanto, se proliferando feito uma ninhada de ratos, parece a eclosão em cadeia de ovos de baratas. Estas bandecas ja vem com a parafernália toda à sua disposíçao, já vem com a estrutura de divulgação toda construída, incluindo fã clubes e adolescentes estéricas se desmanchando em gritaria gratuita nas mega produções que insistem em chamar de shows.

Acima à esquerda da garrafa o baterista Bruno Bueno, o da direita é El Bueno guitarrista e vocal.

O Chivas Duo resgata o sentido daquilo que é o rock, ou seja, simplicidade, diversão, prazer, expressão, ira, revolta, tesão, carne, dor, tudo que através da música faz comque sintamos que estamos vivos, que nos tira do transe da TV, da propaganda, du caralho a quatro que vive a nos entorpecer. E este sentido primitivo do rock aparece e desaparece em sua história, nasce e renasce tal qual a fênix, em novas bandas, em novos estilos. Ao menos na minha experiência particular o Chivas duo é a ultima encarnação deste espírito do primitive rock, emanado do Powe Duo, da mineiridade do rock´n roll do legítimo punk rock, aquele dos Stooges, dos Ramones ... que o Chivas Duo seja fonte de inspiração para novas bandas, para novas encarnações deste primitive rock, para o surgimento de novos Reatores Nucleares.


Quer experimentar a explosão desta ogiva nuclear no fundo do seu cérebro? Clique no link abaixo, vai te levar ao My Space da Banda onde você terá acesso ao link através do qual você poderá fazer o download da demo do Chivas Duo. Vale a pena pra você que curte rock´n roll de verdade e pra você meu caro, que deseja se livrar do ranso destas bandas que fazem aquele rock pra Bunda Mole.

Ao link aê: http://profile.myspace.com/index.cfm?fuseaction=user.viewprofile&friendid=301374616

Tive o prazer de trocar algumas mensagens com o Bruno Bueno, baterista do Chivas, e convidá-lo junto com o guitarrista El Gomes para serem os entrevistados da nossa Série Entre-Vistas.

Portanto podem esperar por esta entrevista, até o final do ano ela sai aqui no Born To Lose.


Como diria o Chucky Berry, Hey, Hey Rock´n Roll, Hey, Hey Chivas Duo.



Na foto acima o Chivas Duo se apresentando em Ponte Nova