sábado, 18 de julho de 2009

Um pouco de Antônio Inácio

A Série Entre-Vistas traz no mês de julho o escultor mineiro Antônio Inácio. Nascido na cidade de Cajuri, desde a infância mora em Ponte Nova. Iniciou sua carreira muito jovem, aos doze anos de idade, trabalhando na antiga fábrica de Santos de Ponte Nova. Foi na linha de montagem desta fábrica, onde eram fabricadas imagens de santos tendo o gesso como matéria prima, que Antônio Inácio, também conhecido como Boneca, teve os primeiros contatos com a arte de esculpir. Anos mais tarde conhece o pintor Rui Meheb com quem aprende sobre o mundo da arte, permitindo-lhe adquirir um conhecimento mais apurado e profundo da prática artística, levando-o a dar seus primeiros passos em direção à construção de seu estilo próprio. Inicialmente o escultor trabalhou com formas abstratas, aproveitando troncos de árvores, tendo sempre presente em suas obras a presença da sexualidade. Formas femininas sinuosas aparecem e somem entre folhas e pássaros, criando uma cena com forte enfoque à naturalidade e beleza presentes na harmonia entre o homem e a natureza. Nesta fase inicial Boneca dividia a escultura com o entalhe, onde a tônica da criação ainda eram as formas femininas e a imagem da natureza como morada do ser humano. No final dos anos oitenta Antônio Inácio monta seu primeiro atelier na cidade histórica de Ouro Preto, onde foi recebido com imenso carinho e teve o reconhecimento de sua arte, o que ainda não ocorreu em sua cidade, Ponte Nova. No início dos anos noventa Antonio Inácio começa a trabalhar em um novo projeto, a construção de um Presépio em Tamanho Natural. Faz-uso de uma técnica inusitada: a escultura em concreto. Prontas as estátuas, Antonio Inácio as coloca em sua rua, simulando a caminhada dos pastores e dos Reis Magos em direção à manjedoura onde a Sagrada Família está reunida. A idéia do artista inicialmente foi vender esta obra à prefeitura de Ponte Nova para que a obra fosse posta em um lugar de destaque onde pudesse ser visitada e preservada pela própria Prefeitura. Não foi o que aconteceu e as peças gigantes permaneceram na rua do artista, sofrendo depredações por parte de vândalos até se reduzirem às peças que compõem a manjedoura, preservadas apenas por estarem atrás dos muros da casa do artista. O descaso das autoridades pontenovenses com relação à obra do escultor fizerem com que desistisse da escultura em concreto, levando o escultor a estabelecer a madeira como matéria prima para construção de suas imagens. Após a experiência com o concreto Antonio Inácio inicia uma nova fase, passa a se dedicar à arte sacra, buscando direcionar seu trabalho à comercialização de suas peças. Neste período Antonio Inácio “bota os pés no chão” na medida em que passa a pensar de modo prático, buscando ganhar seu sustento através da sua arte. No final dos anos noventa o artista consegue alcançar este sonho, deixa o emprego no escritório da Bartofil, exercido por longos trinta anos, obrigando-o a se dedicar à escultura após o expediente, privando-o de um contato mais próximo da própria família. Em Ouro Preto Antonio Inácio conseguiu estabelecer seu atelier, recebe visita de turistas de todas as partes do Brasil e do Mundo, ajudando a divulga sua arte mundo afora. Em 1998, quando Ouro Preto completava 300 anos, o artista fez parte da matéria de capa da Revista National Geographic dedicada ao tricentenário de Ouro Preto. Aos 59 anos de idade Antonio Inácio mostra a serenidade de quem viveu em prol da arte e nos traz importantes questões acerca do próprio viver. A entrevista sai no dia 20 deste mês, enquanto isso visitem o blog do artista, o link é: http://inacioartesacra.blogspot.com/.

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