segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Percepção Musical: uma tentativa de desembrutecer o espírito pontenovense



No sábado, dia 26 de setembro, a escola de música Percepção Musical iniciou um projeto cultural na cidade de Ponte Nova, onde pretende trazer no último sábado de cada vez uma atração artística. As apresentações acontecem na frente da escola e o objetivo é oferecer ao público pontenovense acesso à arte produzida na cidade. Embora seja uma iniciativa importante, na medida em que procura constituir um ambiente em que a cultura está presente, consolidar uma agenda cultural na cidade e porque não, formar uma identidade cultural pontenovense, houve poucas pessoas assistindo à apresentação da Persona, primeira atração do projeto. Bom, eu não estava lá, mas vi as fotos da apresentação no orkut da banda e pude constatar que as poucas pessoas presentes eram alunos, parentes ou amigos dos componentes da banda.
Certamente a falta de um número maior de pessoas não foi por se tratar do show de uma banda ruim, pois a Persona faz um blues de qualidade e todos os componentes são excelentes músicos, inclusive foi publicado aqui no Born To Lose um texto sobre a banda caso alguém queira confirmar o que estou dizendo. Assim não posso evitar perguntas como: o que há em Ponte Nova para que as pessoas não se interessem em presenciar um show como esse? Porque as pessoas se aglomeram em lugares como o Estação do Chopp para ouvir sonzinho feito por voz e violão e desprezam aqueles que fazem seu próprio som e buscam sua identidade musical? O que há na mesmice, visto pela maioria dos pontenovenses, que pode ser mais interessantes que a surrealidade de haver uma banda de blues tocando numa das calçadas da cidade? Alguém aí consegue responder alguma destas perguntas?
Por estas e outras que ás vezes me sinto como o Simão Bacamarte do conto O Alienista do Machado de Assis, sendo levado à concluir que se todos os loucos estão internados e apenas eu estou são, alguma coisa há de errado, talvez eu é quem esteja louco e todos os internos sãos. Não é difícil à alguém ser levado a esta conclusão caso viva em Ponte Nova e busque tornar visível a arte feita na cidade. Sei que este problema não é exclusivo de Ponte Nova, mas é um sintoma da sociedade global. É preciso promover o desembrutecimento espiritual do pontenovense, não porque seja o único tipo de ser humano a ter seu espírito embrutecido, mas por se tratar de nós mesmos, nascidos em Ponte Nova. Um projeto como este que traz uma atração musical como a Persona e conta apenas com a presença de outros músicos, fica impedindo de cumprir seu papel social, talvez apenas sirva para que haja interação entre os próprios músicos.
Conheço as pessoas envolvidas neste projeto e estou certo de que querem mais que construir um espaço em que os músicos possam interagir, pois isso a escola Percepção Musical já faz muito bem. A intenção é tornar visível a arte pontenovense, mas como diz o ditado popular “O pior cego é aquele que não quer enxergar”, sendo assim como fazer que os pontenovenses enxerguem sua arte? Talvez não baste coloca-la em sua frente, mas procurar mudar o modo como a enxergam. Quero dizer, o problema não está no objeto, mas no sujeito. O que parece acontecer é haver um bloqueio da subjetividade das pessoas, ou seja, ela esta cristalizada, impedida de fluir e assim poder reconhecer novas possibilidades, dentro outras coisas, do fazer artístico.
Pode ser que tudo dito por mim não tenha nenhuma relação como que ocorreu de fato. Talvez as fotos tenham sido tiradas em momentos em que as pessoas haviam saído ou não haviam chegado. Talvez como foi escrito sobre meu texto Arte Subterrânea em Ponte Nova, tudo escrito aqui não passe de BLÁ, BLÁ, BLÁ. (rs) Portanto, caros leitores façam justiça e deixem seu comentário sobre a apresentação, pois se há equívocos no texto, muito se deve ao fato de eu querer muito estar ai para ouvir o som da Persona ao vivo e não poder, e saber que aqueles que poderiam ter este prazer deixaram o rejeitaram.
Espero que projetos como o da Percepção Musical tenham vida longa e se multipliquem na cidade, quem sabe a situação mude, quem sabe a persistência de tais projetos alcance o objetivo de fazer com que a arte pontenovense seja conhecida por todos.

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