
A segunda entrevista foi dirigida contou com a participação da candidata do PV Marina Silva. Mais uma vez os apresentadores foram mal educados, impedindo que Marina concluísse uma única resposta na santa paz de Deus. Ao presenciar aquele modo truculento de entrevistar a candidata Dilma Rousseff, que mais lembrava um interrogatório, não pude deixar de lembrar do episódio de 1989, quando a Globo armou para o Lula naquele debate contra o Collor, produzindo o mais famigerado caso de manipulação por parte da emissora na história das eleições do chamado período “democrático” do nosso país. Coloco o termo democrático entre parênteses, por considerar que ações como essa da Globo, pedem que repensemos o conceito de democracia no Brasil. Assim relembrando do histórico totalitário e truculento da emissora dos Marinho, fui levado a concluir que estavam armando pra Dilma, o que me levou a esperar com mais ansiedade pela entrevista do Tucano José Serra. Contudo, a falta de educação registrada também na entrevista da Marina Silva me levou a repensar os resultados de minhas reflexões, resolvi esperar um pouco mais antes de tirar qualquer conclusão, para evitar possíveis acusações de estar sofrendo da síndrome da teoria da conspiração que vez por outra nos afeta.
Esperei a entrevista do Serra acreditando que o mesmo iria ocorrer, que na verdade o Casal global era apenas mal educado, não sabiam a hora e a vez de falar e se calar. Esta nova disposição de espírito levou-me à surpresa, isso porque José Serra não foi interrompido uma única vez, conseguiu concluir todos os seus raciocínios. Como não pensar que a entrevista do Serra foi favorecida pela emissora? Ao menos um preconceito foi derrubado, o de que William Bonner e Fátima Bernardes são mal educados. Eles são apena funcionários exemplares de sua empresa, que seguem à risca as orientações de seus patrões.
Como o Serra pode terminar suas respostar, concluir seus raciocínios sua entrevista acabou rendendo mais e até promovendo melhor o candidato em relação aos seus adversários, ou se quiserem, às suas adversárias. O que mais chamou a minha atenção na entrevista do Serra foi a tentativa de criar um vínculo de sua figura com o povo brasileiro, através da imagem do garoto de origem humilde, o que mexeu mais uma vez minha memória, rapidamente fui levado à imagem do menino Jesus, claro, como esquecer do menino Lula.

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Bom algum dos leitores pode terminar a leitura do texto acima e perguntar: e a Dilma que nasceu no seio de uma família burguesa e tradicional mineira, o que torna sua tradição ainda mais tradicional do que a das famílias de outros estados. Dilma Rousseff cursou o ensino fundamental no Colégio Nossa Senhora do Sion em Belo Horizonte, cuja educação se pautava na rigidez dos princípios do catolicismo. As meninas eram educadas para serem donas de casa exemplares, aprendiam todas as atividades necessárias à função de dona de casa burguesa. Até aí poderíamos pensar não ser possível à pequena Dilma fugir da formatação de uma personalidade reacionária e tradicionalista. Porém o ensino médio mudou os rumos da formação de Dilma. Prestou concurso e ingressou no Colégio Estadual Central (atual Escola Estadual Governador Milton Campos) onde cursou o curso clássico, atual ensino médio. Nesse momento entrou em contato com o movimento estudantil e começou a perceber que o seu mundo deveria ser algo mais que uma casa arrumada, eternas participações em eventos sociais acompanhada do almofadinha a quem deveria chamar de marido. Ingressou na política operária, fez parte do POLOP, organização oriunda do Partido Socialista Brasileiro que por sua vez deu origem ao Comando de Libertação Nacional (COLINA), grupo guerrilheiro cuja participação de Dilma Rousseff foi direta e ativa.
Dilma pode ter saído do berço da burguesia, assim como tantos outros líderes revolucionários, dentre eles Che e Fidel Castro, e como os citados, foi buscar a revolução ao invés de seguir comodamente a vida burguesa que suas famílias haviam lhes reservado. Tais exemplos nos mostram que a origem de uma pessoa não faz dela aquilo que ela é, se assim fosse Che, Fidel e Dilma, por exemplo, seriam hoje grandes burgueses, quem sabe capitalistas vorazes, Lula um simples peão da indústria e Serra herdaria a barraquinha de frutas do pai, estaria ainda no mercado gritando os preços das frutas. Não devemos esquecer nossa origem, porém não devemos fazer dela condição necessária para justificar aquilo que somos, nossa origem não determina nossa vida, esta é determinada a cada instante a partir do que escolhemos e concretizamos.
Devemos, portanto, estar atentos, procurar identificar os discursos vazios, utilizados para persuadir e não para esclarecer. A retórica da forma como vem sendo utilizada por determinados candidatos, objetiva construir uma imagem que consiga agregar votos aos mesmos, devemos ter cuidado para que manipulações midiáticas aliadas ao marketing eleitoreiro feito por alguns partidos substituam o voto como fator de decisão nas eleições deste ano.
Nas postagens abaixo, vocês podem conferir como foram as entrevistas de José Serra e Dilma Rousseff ao Jornal Nacional.
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