'Não publiquem isso - não quero ser perseguido pela CIA', diz Crumb
Quadrinista participou de bate-papo com Gilberto Shelton na Flip.
Confira as melhores frases da conversa, realizada neste sábado em Paraty.
Os lendários quadrinistas do underground americano Robert Crumb e Gilbert Shelton participaram neste sábado (7) de um debate bem-humorado no penúltimo dia da Festa Literária Internacional de Paraty.
Na conversa, que teve também a participação da mulher de Crumb, Aline Kominsky-Crumb, os artistas falaram sobre trabalho, religião, política e 'Os 3 patetas'. Confira a seguir algumas das melhores falas :
Crumb: "Se fizesse um personagem brasileiro, faria a Garota de Ipanema em quadrinhos"
Crumb: "Já trabalhei demais, não tenho nenhum projeto novo".
Crumb: "Foi vergonhoso aparecer em 'Anti-herói americano', aquele cara não tem nada a ver comigo. Parecia um surfista da Califórnia."
Shelton: "Quem você queria que fizesse o seu papel em um filme?"
Crumb: "Brad Pitt, é claro!"
Shelton: "Eu queria que Clint Eastwood fizesse meu papel".
Crumb: "Mel Gibson!"
Crumb: "Brad Pitt, é claro!"
Shelton: "Eu queria que Clint Eastwood fizesse meu papel".
Crumb: "Mel Gibson!"
Crumb: "Meu livro ['Gênesis', uma adaptação do primeiro livro da Bíblia] vai ser lançado em hebreu, e a arte vai ser invertida. E o pior é que eles pagam menos que os outros".
Crumb: "Vocês conhecem 'Os Três Patetas'? Respeito muito mais o Brasil por isso. Ninguém conhece eles na França".
Crumb: "Eu tenho vergonha de ser americano - não publiquem isso, não quero ser perseguido pela CIA".
Crumb: "Eu acordei um dia e estava morando na França. Mas é legal, e eu confio nas decisões da minha mulher".
Aline: "Crumb não me influenciou tanto, eu que influencei ele".
Crumb: "Ela me influenciou a ser mais pessoal, autobiográfico".
Aline: "Ele [Crumb] desenha mais, ele desenha melhor, mas eu faço a parte engraçada".
Aline: "Os fãs [de Crumb] mandavam cartas e mandavam eu voltar para a cozinha".
Crumb: "Ela me influenciou a ser mais pessoal, autobiográfico".
Aline: "Ele [Crumb] desenha mais, ele desenha melhor, mas eu faço a parte engraçada".
Aline: "Os fãs [de Crumb] mandavam cartas e mandavam eu voltar para a cozinha".
Shelton: "Eu sou os três Freak Brothers, mas eu sou mais o gato do Fat Freddy".
Shelton: "Eu gosto desses caras que estão com o projeto do filme dos Freak Brothers, espero viver o suficiente para vê-lo".
'Seres humanos são nojentos', diz Robert Crumb em coletiva na Flip
Quadrinista que mora recluso na França viajou convencido pela esposa.
Ele e colega Gilbert Shelton realizam concorrida mesa neste sábado (7).
Os quadrinistas Robert Crumb e Gilbert Shelton deram um bom aperitivo nesta sexta-feira (6) de como será a mesa que os dois realizarão neste sábado (7), às 19h30. Bem humorados, e com suas respectivas esposas, a dupla realizou uma coletiva de impresa às 11h, na Pousada Ouro.
As mulheres de Crumb e Shelton, aliás, roubaram a cena ao dizerem que foram elas as responsáveis por trazerem os artistas a Paraty. “Quando recebemos o convite da Flip, falei que podiam confirmar, que as esposas de Sr. Crumb e Sr. Shelton os convenceriam”, brincou Lora Fountain, que também é agente de Crumb.
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Nesse momento, Crumb virava-se para sua mulher, Aline-Kominsky Crumb, e dizia “sim, querida”. Ela vai lançar em breve no país o livro “Mais amor”, pela editora Conrad.
Conhecido por sua sociofobia e por viver recluso na França, Crumb mostrou bom humor ao ser perguntado sobre qual a sensação de participar de um festival literário. “Participar de um festival literário é bizarro. Sou um cartunista que é olhado de cima para baixo pelos caras da literatura. Mas meu editor me disse que isso é uma nova tendência do mercado de livros, por isso estou aqui”.
O autor americano também aproveitou para criticar o seu país. “Nunca mais voltaria a viver nos EUA, tenho vergonha de ser americano. Tenho vergonha de viver no próprio planeta Terra, seres humanos são nojentos”, polemizou ele, também avesso às novas tecnologias. Questionado se pretende produzir algum quadrinho em 3D, ele se definiu como um sou "um artista do século 19, que gosta de molhar a pena na tinta e desenhar".
Mais tranquilo, Shelton deu uma amenizada nas declarações do colega ao comentar depois que a experiência em Parati estava tão boa que ele e a esposa já pensam em morar na cidade.
Crumb dispensa cara feia e confessa: música e mulheres valeram a viagem
Depois de 3 dias de mau-humor em Paraty, cartunista se soltou em debate.
Lenda das HQs underground dividiu a mesa com o simpático Gilbert Shelton.
Após três dias de caretas, gestos obscenos para fotógrafos e caminhadas silenciosas - e conturbadas - pelas ruas de Paraty, Robert Crumb finalmente se soltou em um bate-papo repleto de brincadeiras e molecagens na noite de sábado (7) na Flip. Culpa de uma banda que conheceu na noite anterior.
"Eles são ótimos: só cordas e um tamborim. Todos os bares da cidade tocando essa música ruim de cabaré e, no meio da rua, esses caras tocando uma música que daqui a 30 anos não vai mais existir. Poderia ficar horas lá ouvindo. Comprei um CD deles", comentou, esforçando-se para lembrar o nome. "Eram... os.. Corr... Curandeiros!", completou, recebendo aplausos de parte da plateia que conhecia os músicos.
Vestindo terno e chapéu pretos, o autor de clássicos dos quadrinhos underground e de personagens como Frtiz, the Cat e Mr. Natural tentou manter a postura de mau-humorado pela qual é conhecido. "Não entendo por que as pessoas quiseram me trazer para cá, sou uma pessoa muito chata. Meu trabalho pode ser legal, mas minha personalidade..."
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De chapeu panamá branco, barba e cabelos grisalhos presos num rabo de cavalo, Gilbert Shelton, seu companheiro de mesa e de carreira nas HQs alternativas americanas da década de 70, fazia o contraponto. "Gosto de viajar. É um privilégio ganhar uma viagem de graça para um lugar como este. Eu aceito qualquer tipo de convite e me divirto. [E legal estar em Paraty, náo imaginava como poderia ser táo bonita e fotogênica", disse Shelton, conhecido pelas tiras movidas a ácido e maconha dos Freak Brothers, outro ícone da contracultura.
Ainda "vestindo" o personagem, Crumb rebate: "Tem cidades fotogênicas em vários outros lugares do mundo. Isso para quem gosta de cidades fotogënicas..." E completa: "Estáo vendo? Ele usa o chapéu branco, e eu uso o chapéu preto. Ele é o cara legal, e eu sou o babaca!"
Nádegas à vista
Mas, para além da música d'Os Curandeiros, Crumb, que em seus desenhos gosta de retratar mulheres dominadoras, grandes e roliças, revelou outro tema que fez "valer a viagem": os corpos das mulheres brasileiras.
Mas, para além da música d'Os Curandeiros, Crumb, que em seus desenhos gosta de retratar mulheres dominadoras, grandes e roliças, revelou outro tema que fez "valer a viagem": os corpos das mulheres brasileiras.
"Muitas pessoas me disseram quando falei que viria ao Brasil que aqui era a terra das bundas grandes. 'Procure por isso lá, é a Terra Prometida para quem gosta'", brincou. "Tenho ficado de olho e... eles estavam certos. As moças nas ruas de shorts e saias curtas, com as pernas à mostra. Tem muito o que se olhar aqui", comemorou, se contorcendo na cadeira.
Indagado sobre o que achava das brasileiras, Shelton perdeu a fala por um momento e arriscou, cantarolando em inglês, uns versinhos de "Garota de Ipanema".
"O Gilbert sempre foi o mais tímido com relação a sexo. Nos velhos temposm, em 1968, a gente fazendo aquelas coisas malucas e depravadas e ele se sentia desconfortável", lembrou Crumb - que, por outro lado, diz ter apagado da memória outros episódios dessa mesma época.
"A gente se conheceu em Nova York?", perguntou para o colega. "Não lembro mutio daquele tempo. Fumava muita maconha, tomava muito LSD. Achei que a gente tinha se visto pela primeira vez em San Francisco", lembrou o autor de Mr: Natural, hoje com 66 anos.
Doidão, mas responsável
Nascido em Austin, no Texas, Shelton, aos 70, tem recordações mais vivas do começo da carreira - apesar do abuso de substâncias químicas ilegais. "Eu fazia uma tira semanal para um jornal pequeno do East Village. Um dia fui à redação e encontrei todos chapados de LSD. Quando entrei já foram me oferecendo e eu disse: 'Não, tenho a minha tira para fazer.' No dia seguinte, o jornal estava completamente ilegível, com exceção da minha página", contou.
Nascido em Austin, no Texas, Shelton, aos 70, tem recordações mais vivas do começo da carreira - apesar do abuso de substâncias químicas ilegais. "Eu fazia uma tira semanal para um jornal pequeno do East Village. Um dia fui à redação e encontrei todos chapados de LSD. Quando entrei já foram me oferecendo e eu disse: 'Não, tenho a minha tira para fazer.' No dia seguinte, o jornal estava completamente ilegível, com exceção da minha página", contou.
Adorado pelos jovens da contracultura hippie na época por conta de seus Freak Brothers, Shelton recordou ainda de sua amizade com a roqueira Janis Joplin, morta por overdose em outubro de 1970. "Janis e eu éramos bons amigos quando fazíamos faculdade. Eu estudava história, e ela drama. Nós dois gostávamos de folk e Janis logo se tornou uma estrela de folk music na universidade", diz ele, que além dos quadrinhos também toca piano. "Um dia perguntei a Janis se ela não queria tentar cantar umas coisas de rhythm'n'blues ou de rock'n'roll. E ela respondeu [imitando uma voz lenta]: 'Nós não... tocamos.. rock'n'roll'. É claro que ela mudou de ideia depois", diverte-se.
Crumb, que odeia rock e qualquer música gravada menos de 70 anos atrás, aproveitou a deixa para reencarnar o velho chato: "Ela devia ter parado no folk. Pelo menos estaria viva hoje."
Os textos acima foram extraídos do Portal G1.
Abaixo links para fazer o download do famoso quadrinho de Crumb Blues e os Freak Brothers de Gilbert Shelton:
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