sábado, 14 de agosto de 2010

A Manipulação Midiatica e os rumos das eleições 2010.

Esta semana os telespectadores do Jornal Nacional, o único da TV brasileira feito em família, puderam assistir o casal William e Fátima sabatinarem os candidatos à presidência da república. Logo de cara tivemos a Dilma Rousseff respondendo às perguntas, peraí, eu disse respondendo? Desculpem, tentando responder às perguntas do casal de apresentadores. Parece que o espírito de porco que acompanha o Faustão, agora Faustinho, baixou na bancada do Jornal Nacional, impedindo que a candidata do PT conseguisse completar um único raciocínio. Dilma Rousseff foi várias vezes deselegantemente interrompida, tanto por Bonner quanto por sua patroa.  Eu disse que eles foram deselegantes? Caros leitores, peço desculpas mais uma vez, foram muito mal educados! Ou quem sabe estivessem apenas seguindo o roteiro proposto pelo diretor do jornal.
A segunda entrevista foi dirigida contou com a participação da candidata do PV Marina Silva. Mais uma vez os apresentadores foram mal educados, impedindo que Marina concluísse uma única resposta na santa paz de Deus. Ao presenciar aquele modo truculento de entrevistar a candidata Dilma Rousseff, que mais lembrava um interrogatório, não pude deixar de lembrar do episódio de 1989, quando a Globo armou para o Lula naquele debate contra o Collor, produzindo o mais famigerado caso de manipulação por parte da emissora na história das eleições do chamado período “democrático” do nosso país.  Coloco o termo democrático entre parênteses, por considerar que ações como essa da Globo, pedem que repensemos o conceito de democracia no Brasil. Assim relembrando do histórico totalitário e truculento da emissora dos Marinho, fui levado a concluir que estavam armando pra Dilma, o que me levou a esperar com mais ansiedade pela entrevista do Tucano José Serra. Contudo, a falta de educação registrada também na entrevista da Marina Silva me levou a repensar os resultados de minhas reflexões,  resolvi esperar um pouco mais antes de tirar qualquer conclusão, para evitar possíveis acusações de estar sofrendo da síndrome da teoria da conspiração que vez por outra nos afeta.
Esperei a entrevista do Serra acreditando que o mesmo iria ocorrer, que na verdade o Casal global era apenas mal educado, não sabiam a hora e a vez de falar e se calar. Esta nova disposição de espírito levou-me à surpresa, isso porque José Serra não foi interrompido uma única vez, conseguiu concluir todos os seus raciocínios. Como não pensar que a entrevista do Serra foi favorecida pela emissora? Ao menos um preconceito foi derrubado, o de que William Bonner e Fátima Bernardes são mal educados. Eles são apena funcionários exemplares de sua empresa, que seguem à risca as orientações de seus patrões.
Como o Serra pode terminar suas respostar, concluir seus raciocínios sua entrevista acabou rendendo mais e até promovendo melhor o candidato em relação aos seus adversários, ou se quiserem, às suas adversárias. O que mais chamou a minha atenção na entrevista do Serra foi a tentativa de criar um vínculo de sua figura com o povo brasileiro, através da imagem do garoto de origem humilde, o que mexeu mais uma vez minha memória, rapidamente fui levado à imagem do menino Jesus, claro, como esquecer do menino Lula.
Serra apelou ao afirmar sua origem humilde, que na verdade não era lá tão humilde assim. Serra nunca passou fome, nunca pegou no pesado, pois os pais se sacrificaram ao máximo para fazer com que o filho estudasse e tivesse um futuro grandioso. Serra chegou onde chegou graças aos pais, teve uma base familiar sólida que o permitiu estudar e se tornar um homem bem sucedido, ao menos de acordo com os parâmetros da nossa sociedade. Serra vem de uma família de classe média, pelo amor de Deus, para um país como o nosso é o mesmo que nascer em berço de ouro.  O Serra quer ser o novo Lula, ao menos do ponto de vista biográfico, mas não tem nada a ver com o Lula, que teve que trabalhar para sustentar a família, vinda do sertão pernambucano, não pôde fazer o colegial como o Serra pensando na universidade, teve que ser pragmático e fazer um curso profissionalizante. Ora não me venha com essa Serra! Sua origem pode ser humilde segundo os padrões europeus ou norte americanos, mas para o padrão brasileiro é luxuoso. Seus pais como tantos outros, como os meus, se sacrificaram pelos filhos, para que esses tivessem algo melhor do que eles. Acho que o melhor seria respeitar esse sacrifício, sem o transformar em discurso demagógico, pensando que o povo vai se identificar com sua origem, pois muito mais da metade do povo brasileiro não faz idéia do que é ter a vida de um individuo da classe média, mas sabe muito bem o que é ter a origem de um retirante nordestino que vai atrás do pote de ouro paulista.
...
Bom algum dos leitores pode terminar a leitura do texto acima e perguntar: e a Dilma que nasceu no seio de uma família burguesa e tradicional mineira, o que torna sua tradição ainda mais tradicional do que a das famílias de outros estados. Dilma Rousseff cursou o ensino fundamental no Colégio Nossa Senhora do Sion em Belo Horizonte, cuja educação se pautava na rigidez dos princípios do catolicismo. As meninas eram educadas para serem donas de casa exemplares, aprendiam todas as atividades necessárias à função de dona de casa burguesa. Até aí poderíamos pensar não ser possível à pequena Dilma fugir da formatação de uma personalidade reacionária e tradicionalista. Porém o ensino médio mudou os rumos da formação de Dilma. Prestou concurso e ingressou no Colégio Estadual Central (atual Escola Estadual Governador Milton Campos) onde cursou o curso clássico, atual ensino médio. Nesse momento entrou em contato com o movimento estudantil e começou a perceber que o seu mundo deveria ser algo mais que uma casa arrumada, eternas participações em eventos sociais acompanhada do almofadinha a quem deveria chamar de marido. Ingressou na política operária, fez parte do POLOP, organização oriunda do Partido Socialista Brasileiro que por sua vez deu origem ao Comando de Libertação Nacional (COLINA), grupo guerrilheiro cuja participação de Dilma Rousseff foi direta e ativa.
Dilma pode ter saído do berço da burguesia, assim como tantos outros líderes revolucionários, dentre eles Che e Fidel Castro, e como os citados, foi buscar a revolução ao invés de seguir comodamente a vida burguesa que suas famílias haviam lhes reservado. Tais exemplos nos mostram que a origem de uma pessoa não faz dela aquilo que ela é, se assim fosse Che, Fidel e Dilma, por exemplo, seriam hoje grandes burgueses, quem sabe capitalistas vorazes, Lula um simples peão da indústria e Serra herdaria a barraquinha de frutas do pai, estaria ainda no mercado gritando os preços das frutas. Não devemos esquecer nossa origem, porém não devemos fazer dela condição necessária para justificar aquilo que somos, nossa origem não determina nossa vida, esta é determinada a cada instante a partir do que escolhemos e concretizamos.
Devemos, portanto, estar atentos, procurar identificar os discursos vazios, utilizados para persuadir e não para esclarecer. A retórica da forma como vem sendo utilizada por determinados candidatos, objetiva construir uma imagem que consiga agregar votos aos mesmos, devemos ter cuidado para que manipulações midiáticas aliadas ao marketing eleitoreiro feito por alguns partidos substituam o voto como fator de decisão nas eleições deste ano.

Nas postagens abaixo, vocês podem conferir como foram as entrevistas de José Serra e Dilma Rousseff ao Jornal Nacional. 

Entrevista Dilma Rousseff - Jornal Nacional -09/08/2010 - William Bonner

Sabatina com José Serra - Jornal Nacional - 11/08/2010

O Genesis, segundo Crumb.

A Revista Piaui lançou uma edição especial destinada à FLIP 2010. Para minha surpresa eles divulgaram no site da revista um trecho do Genesis, quadrinho criado por Robert Crumb, que foi um dos convidados da FLIP 2010 onde falou um pouco deste seu novo trabalho. Para os amantes dos quadrinhos, da bíblia e de Robert Crumb, resolvemos disponibilizar aqui no Born To Lose o arquivo encontrado na revista Piaui. Para saber mais sobre a FLIP 2010 clic no link a seguir e visite o site da Revista Piaui http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao_46/artigo_1372/piaui_flip_2010.aspx  







quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Como estão os caminhos que nos conduzem por Salvador.


            Tive acesso ao texto que se segue abaixo através do blog Som do Roque(http://somdoroque.blogspot.com/) que chamou minha atenção por levantar um problema grave em nossa cidade, Salvador, a locomoção pela cidade. Durante toda minha graduação em filosofia na UFBA, fui andando para as aulas, saía da minha casa no Barbalho e ia caminhando até São Lázaro na Federação. Essa foi a solução que encontrei para fugir dos ônibus super lotados e dos engarrafamentos nos horários de pico. Contudo encontrei outros obstáculos, calçadas esburacas, onde constantemente tropeçava, carros estacionados nas calçadas que me obrigavam a ter que me aventurar entre os carros nas pistas, sinalizações de transito que priorizam os carros e não os pedestres, e  uma série de outras situações problemáticas, que o Pablo Florentino explora com detalhes em seu texto.
                Em Salvador os carros são cada vez mais priorizados, que o diga a obra que está sendo feita na rótula do Abacaxi. O que dizer do metrô que em dez anos de obras parece que vai inaugurar no final de 2010 um trecho de 6 km, que dará o título à nossa capital de menor sistema metroviário do mundo, ao menos nossos governantes conseguiram colocar o nome de Salvador e seu metrô no Guinnes Book.

Leiam com atenção o texto e vejam a situação dos caminhos de Salvador.
Reproduzo aqui no blog o importante texto "Cidades orientadas a carro", do amigo Pablo Florentino. Um texto para se pensar o modelo de planejamento da maioria das nossas cidades. (a nossa é Salvador)... Leiam, leiam, leiam...



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CIDADES ORIENTADAS A CARRO
( talvez um pouco longo, mas necessário. Compartilho com um grupo
especial de colegas e amigos. Mas fiquem à vontade ... Fruto de quase
4 anos de observações e inquietações )

Entre uma esquina aqui e outra ali, venho observando a forma como
Salvador tem se organizado e planejado em relação ao seu elemento mais
importante: o cidadão soteropolitano. Observo um transporte
incrivelmente ruim em relação a outras cidades, mas que, ainda sim,
tem melhorado. Observo calçadas desprovidas de qualquer aparato para
receber cadeirantes. Observo uma preocupação zero com a situação de
quem anda, literalmente, com os pés no chão, pela cidade. Os pontos de
ônibus são mal assistidos, não há qualquer informação sobre as linhas
que por ali circulam, os poucos abrigos estão em péssimas condições.
Não existe qualquer preocupação em oficializar a bicicleta como um
meio viável de transporte, não só criando corredores próprios para as
magrelas, mas, acima de tudo, conscientizando o motorista de que a
bicicleta faz parte do Código Nacional de Trânsito, possui uma
legislação específica e assim deve ser respeitada. Creio que muitos
não devem saber que qualquer motorista deve manter a distância de 1,5
m de qualquer bicicleta em movimento. Enquanto Rio e Sampa estão a
multiplicar sua linha férrea e de metrô, nós seguimos sem o menor
metrô do mundo.
Pelo contrário, vemos investimentos em cada vez mais vias para carros,
ao invés de planejarmos e investirmos num sistema de transporte
público de qualidade. Poucos talvez percebam isso, mas, com certeza,
seria muito mais confortável ir e voltar do trabalho sem ter que
buzinar, que enfrentar engarrafamentos na posição de motorista, sem
ter que enfrentar faróis acesos queimando a retina, sem ter que
respirar CO2 (no caso de trens elétricos e bicicletas).

Dentro deste contexto, vemos algumas consequências. A primeira delas é
a perda do contato com a rua e com o ser humano. Muitos hoje saem de
suas casas e seus apartamentos sem colocar pé na rua, pois é o carro
que faz isso para você. Nem sequer se pisa na calçada. Chega-se ao
estacionamento do trabalho e a rua fica para trás. Deixou-se de manter
contato real com o meio que nos cerca. Onde ficou a rua? Atrás dos
vidros escurecidos dos automóveis. Perdeu-se aí o contato com a
vizinhança, pois nossa vizinhança passou a ser os condominos. Não
anda-se mais pelas ruas para comprar pão ou leite, ou um jornal de
domingo, ou para cortar o cabelo ou para comprar o tomate do molho, ou
qualquer coisa que o valha. Tudo deve ser feito através do carro.
Vejo como a maior parte das pessoas aqui perdeu o contato com a
cidade, seus espaços e paisagens. A maior parte das pessoas agora sai
de casa com o carro para qualquer lugar: trabalho, mercado, cinema,
praia, teatro, restaurante, padaria, banca de revista, bar ...
Perderam o contato visual e físico com a cidade real e preferem o
conforto e segurança psicológico oferecido pelos automóveis (sim, isso
é comprovado por estudos).

E assim, as pessoas deixaram de se olhar pelas ruas, de se cruzarem
pelas ruas, de sentirem a cidade viva! (Viva o projeto de Cassia, Dia
de Esquina, para Humanizar a Cidade, que vai ocupar as esquinas da
Manuel Dias da Silva dia 17/11). Tudo isso que citei foi transferido,
quase que totalmente, para shopping centers e supermercados. Sim, esta
é a segunda consequência da cidade orientada a automóveis. Aqueles que
se tornaram carro-dependentes, passaram também a ter estes espaços
(shoppings e supers) como referência para encontrar qualquer coisa, ou
quase qualquer coisa. Salvador se tornou a cidade dos mega shoppings.
Se queres encontrar alguma coisa, é ali que acharás o seu desejo! E
algumas vezes é, mas muitas vezes o que desejamos está ao nosso redor,
ao nosso lado, sem que a percebamos, na rua, fora destes grandes
centros aglutinadores.

A verdade é que às vezes é quase um demérito não ter carro em SSA. (
adianto desde já, não sou contra ter um carro, não sou contra quem tem
um. Aliás, quero voltar a ter um, mas não para ficar preso nos
engarrafamentos. Não estou pregando que vendam-se ou destruam-se os
carros, mas que, na oportunidade de utilizar outro meio
tranquilamente, use). Tudo tem seu espaço e momento. Se for possível
revezar, já teremos um grande avanço, pois é um carro a menos sem
ocupar espaço desnecessário, sem aquecer o ambiente, sem gastar
combustível.

Mas a realidade é que os trajetos são agora percorridos em altíssima
velocidade, sem observar o que existe ao redor ( na verdade, o contato
com o que acontece ao redor agora passa a ser através das mídias de
comunicação: TV, rádio, jornal, outdoors ...). Esta seria a terceira
consequência. Quando caminhamos, pedalamos ou estamos num transporte
público, nossa velocidade é muito menor do que se estivéssemos em um
carro. É permitido que nosso contato visual observe com maior cuidado
e melhor cadência os espaços ao redor, pois o foco sai do volante e
das marchas e se volta para o cotidiano. A observação vem
naturalmente, aprende-se mais sobre a cidade e o que ela oferece.
Muitos detalhes começam a aflorar, estabelecimentos começam a surgir,
novas possibilidades brotando. Ainda sim, existe esperança. Alguns
sinais desta retomada da urbanidade andarilha começam a se pronunciar
em bairros como Pituba, Rio Vermelho e Barra, com lojas de rua. Na
Manuel Dias isto começa a se fortalecer e mostrar que é possível.
Muitos vão me dizer: mas o transporte de Salvador é horrível! É ruim,
mas já foi pior, melhorou. E só vai melhorar se nos apropriarmos dele,
se passarmos a utilizá-lo, mesmo que parcialmente, em nosso dia a dia
e reclamar, reclamar com quem de direito. ( Evitem Bocões, Varelas e
Nas Miras que empobrecem nossa tv local, seguindo a cartilha do
terror.) Temos que pregar a liberação dos transportes alternativos,
por exemplo, a partir de uma determinada hora da noite, justamente
para atender a parcela da população que fica desassistida pelos ônibus
neste horário, ou muitos dos funcionários e garçons que atuam na
noite. Isso permitirá que mais pessoas circulem pela noite, mais
dinheiro se movimente, novos empreendimentos de entretenimento como
bares, teatros, cinemas, casas de show, se proliferem.

É necessário ocupar os espaços públicos, retomar este contato com o
comércio local, ver as pessoas sem vidros escurecidos de separação,
sentir o cheiro ou odor das ruas. Pessoas que conseguem transitar com
naturalidade pelas ruas de Salvador são cada vez
mais raras. Alguns vão gritar: " ...mas é inseguro!". Lembro de meu
pai falando de como andava de noite pela Av. Sete, namorando e
admirando as vitrines ... Sim, este tempo se perdeu, mas pode voltar.
Só depende de preenchermos os espaços públicos. Defendo uma bandeira:
COM TRANSPORTE, TUDO FICA MAIS FÁCIL! Ter acesso à Educação, chegar
ao posto de saúde, à biblioteca, ao teatro, à casa de show, ao centro
médico, à festa de aniversário. Permitir que os idosos possam
transitar mais livremente e que possam usufruir do que lhes é de
direito, evitando que gastem $$$$ e horas e horas pagando SKY, DirecTV
e revertendo estes $$$$ para algo que é local a Salvador e não um
grande conglomerado nacional, que vai concentrar seus lucros e
investimentos em alguma grande corporação do Sul/Sudeste. Fortalecer e
consumir o que é local reequilibra a sua economia, redireciona os
gastos para algo que está ao seu redor, e fortalece aquele que divide
o cotidiano com vc. Permitir que as pessoas circulem sem a necessidade
de um carro, isso impulsiona o comércio de rua, descentraliza o foco
concentrado nos shoppings. Com isso, empreendimentos locais, de
pessoas locais, podem se desenvolver, ao invés de nos tornarmos sempre
reféns das grandes redes, sejam lá do que for: roupa, fastfood,
restaurante , TV, rádio, etc...

Em Aju, nossa capital vizinha e tão sacaneada pelos baianos, pode-se
rodar a cidade com UMA PASSAGEM DE ÔNIBUS. Basta trocar de ônibus nas
estações. Isso foi pensado, foi planejado, visando o cidadão, foi uma
vontade política. Mas aqui, não existe foco no cidadão, no transeunte,
que pisa o pé no chão.

Exemplos disso são as passarelas de acesso do Iguatemi para a
Rodoviária e para o Shopping salvador: construídas mesmo para
dificultar a vida de quem não tem carro. Experimente ter alguém em sua
família que use cadeira de rodas ou tenha dificuldade em subir degraus
e a coloque para andar por Salvador ... Mas em Copacabana, Botafogo,
Flamengo, no Rio, isso é uma realidade (e só vou falar do que conheço,
do que não conheço, não falo). Observem o movimento que acontece em
cidades européias onde estão mais adiantados no pensamento e
perceberam o benefício em estimular o ciclismo como forma normal de
locomoção, não como modalidade esportiva. Toda a Europa incentiva as
pessoas a usarem seus camelos, criam sistemas de empréstimos rápidos
de bicicleta. Loucura ? Simplesmente estão diminuindo o número de
pessoas usando carro, dentro dos metrôs ou ônibus (sem falar da saúde
que estão gerando com uma prevenção indireta ao sedentarismo). Vemos
todas cidades se equipando e tomando consciência quanto ao ciclista,
mas aqui em SSA , você, enquanto usuário de bicicletas, é quase um ET,
considerado um louco, que atrapalha o trânsito. Começo a chegar a
conclusão que as pessoas aqui já nasceram dentro de um carro com a mão
na buzina, ou nunca andaram de ônibus nem pisaram na faixa. Neste
movimento atrasado de Salvador, seria mais interessante termos ruas
arborizadas, que dessem mais prazer e condições das pessoas se
deslocarem a pé, com calçamentos apropriados. Temos hoje uma cultura
na administração municipal de simplesmente acabar com as árvores. Aos
poucos, a cidade perde sombras, a cidade perde verdes, a cidade perde
frescor, a cidade vai sendo impermeabilizada, o concreto passa a se
tornar paisagem comum, que aquece e afasta o cidadão das calçadas.
Nossa frota de ônibus começa a se recolher já a partir das 22h. Depois
da meia-noite, o problema se instala com os permoitões, com linhas que
ninguém conhece, de longos trajetos e poucos carros: nada atrativos
para justificar que as pessoas tenham certeza em sair pela noite
usando o transporte público, garantindo tanto a ida quanto a volta.
Isso tudo afirmo de carteirinha, vivido in loco, com direito a "mão no
ônibus" e a mão em mim, nas blitz
policiais da madrugada.
Tudo isso caracteriza um grande "toque de recolher" indireto que
acontece todas as noites na soterópolis. As pessoas se veem
desencorajadas a permanecerem na rua após as 22/23 h. Mostra quanto
ainda somos medievais, e ao mesmo tempo, como o plano das grandes
montadores de automóveis conseguiu se instalar bem por aqui - nada
mais que uma reflexão trazida pelo David Byrne (sim, aquele do grupo
Talking Heads) em seu livro "Diários de Bicicleta", no qual relata
suas visitas a diversas cidades do mundo levando sua bicicleta
dobrável e interpretando cada uma das cidades a partir do olhar
ciclístico. A verdade é que as montadoras exigem uma multiplicação das
vias asfaltadas para que seus produtos possam transitar, alargando as
cidades desnecessariamente e distanciando as pessoas. Com certeza
somos hoje o grande mercado destas montadoras, pois em locais mais
civilizados, as montadores de bicicletas são as que mais crescem.

Enquanto isso, no Rio, os metrôs se equipam para permitir o transporte
de bicicletas aos fins de semana. Quase todas as linhas de ônibus
funcionam durante a madrugada, com menor número de carros, mas com
garantia de que estarão presentes na rua, ida ou volta, e com o
acréscimo do transporte alternativo em vans, que tem permissão de
funcionar a partir de certo estágio da noite. Trazer tudo isso para
SSA passa por uma mudança cultural, que demanda muito tempo, além de
uma vontade política diferente daquelas que estão organizando a
soterópolis há muitos anos.


Uma grande parcela da POPULAÇÃO DE SALVADOR já anda 365 dias sem
carro, pois cerca de 70% , não possuem esse meio de transporte. Porém
os 30% restantes devem entender que o dia mundial sem carro não é só
22 de setembro, mas qualquer dia, de janeiro a dezembro. Sempre que
for possível, ande de ônibus ou de bicicleta. Isto representa
altruísmo e solidariedade. "Uma cidade só existe para quem pode se
movimentar por ela."

Referências? Atitudes ?


http://www.mountainbikebh.com.br
http://tarifazero.org/
http://midiaindependente.org/pt/blue/2009/09/454845.shtml
http://www.bicicletada.org/tiki-index.php?page=Salvador
http://bikebook.com.br/
http://bicicletada.wordpress.com/
http://www.bicicletadanatalrn.blogspot.com/

Lula: analfabeto, ignorante e mal educado.


A presente postagem é referente ao email repassado por Wesley Costa Melo, amigo e constante colaborador deste espaço, divulgado pelo Professor Pedro Lima, economista e professor da UERJ que dá seu parecer sobre o presidente Lula e seu governo.

LULA


Lula, que não entende de sociologia, levou 32 milhões de miseráveis e pobres à condição de consumidores; e que também não entende de economia, pagou as contas de FHC, zerou a dívida com o FMI e ainda empresta algum aos ricos. Lula, o analfabeto, que não entende de educação, criou mais escolas e universidades que seus antecessores juntos [14 universidades públicas e entendeu mais de 40 campi], e ainda criou o PRÓ-UNI, que leva o filho do pobre à universidade [meio milhão de bolsas para pobres em faculdades particulares] . 

Lula, que não entende de finanças nem de contas públicas, elevou o salário mínimo de 64 para mais de 291 dólares [valores de janeiro de 2010], e não quebrou a previdência como queria FHC.  

Lula, que não entende de psicologia, levantou o moral da nação e disse que o Brasil está melhor que o mundo. Embora o “PIG” (Partido da Imprensa Golpista), que entende de tudo, diga que não.

Lula, que não entende de engenharia, nem de mecânica, nem de nada, reabilitou o Proálcool, acreditou no biodiesel e levou o país à liderança mundial de combustíveis renováveis [maior programa de energia alternativa ao petróleo do planeta].

Lula, que não entende de política, mudou os paradigmas mundiais e colocou o Brasil na liderança dos países emergentes, passou a ser respeitado e enterrou o G-8 [criou o G-20].

Lula, que não entende de política externa nem de conciliação, pois foi sindicalista brucutu, mandou às favas a ALCA, olhou para os parceiros do sul, especialmente para os vizinhos da América Latina, onde exerce liderança absoluta sem ser imperialista. 
Tem fácil trânsito junto a Chaves, Fidel, Obama, Evo etc. Bobo que é, cedeu a tudo e a todos.

Lula, que não entende de mulher nem de negro, colocou o primeiro negro no Supremo (desmoralizado por brancos), uma mulher no cargo de primeira ministra, e que pode, inclusive, fazê-la sua sucessora.

Lula, que não entende de etiqueta, sentou ao lado da rainha (a convite dela) e afrontou nossa fidalguia branca de lentes azuis. 

Lula, que não entende de desenvolvimento, nunca ouviu falar de Keynes, criou o PAC; antes mesmo que o mundo inteiro dissesse que é  hora de o Estado investir; hoje o PAC é um amortecedor da crise. 

Lula, que não entende de crise, mandou baixar o IPI e levou a  indústria automobilística a bater recorde no trimestre  [como também na linha branca de eletrodomésticos] . 

Lula, que não entende de português nem de outra língua, tem  influência entre os líderes mundiais; é respeitado e citado entre as  pessoas mais poderosas e influentes no mundo atual [o melhor do mundo  para o Le Monde, Times, News Week, Financial Times e outros...]. 

Lula, que não entende de respeito a seus pares, pois é um  brucutu, já tinha empatia e relação direta com George Bush -  notada até pela imprensa americana - e agora tem a mesma empatia com  Barack Obama. 

Lula, que não entende nada de sindicato, pois era apenas um agitador, é amigo do tal John Sweeny [presidente da AFL-CIO - American Federation Labor-Central Industrial Congres - a central de trabalhadores dos Estados Unidos, que lá sim, é única...]e entra na Casa Branca com credencial de negociador e fala direto com o 'Tio Sam' lá, nos "States". 

Lula, que não entende de geografia, pois não sabe interpretar um mapa é autor da maior mudança geopolítica das Américas na história. 

Lula, que não entende nada de diplomacia internacional, pois  nunca estará preparado, age com sabedoria em todas as frentes e se  torna interlocutor universal. 

Lula, que não entende nada de história, pois é apenas um locutor de bravatas, faz história e será lembrado por um grande legado, dentro e fora do Brasil. 

Lula, que não entende nada de conflitos armados nem de guerra, pois é um pacifista ingênuo, já é cotado pelos palestinos para dialogar com Israel.

Lula, que não entende nada de nada...é bem melhor que TODOS os outros...!
Pedro Lima *
Economista e professor de economia da UFRJ.

OBSERVAÇÃO: Desculpem-me os não-Lulas, mas como recebo muitos e-mails ironizando e falando horrores dele, acho que tenho o direito de enviar um único e-mail que fale bem desse  maravilhoso "analfabeto" .
Saudações brasileiras!

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Robert Crumb em Parati.

    A FLIP 2010 homenageou o sociologo brasileiro Gilberto Freire, mas a grande atração sem dúvida foi a mesa temática de sábado, que contou com o grande quadrinhista underground Robert Crumb. O desenhista americano, que renega sua nacionalidade, vive há anos com a esposa em Paris e dificilmente aceita convites para   participar de eventos internacionais como a FLIP. Sua participação foi marcada pelo humor ácido de Crumb que aproveitou também para falar do seu último lançamento, a versão em quadrinho do livro bíblico do Genesis. A mesa também contou com a participação de Gilbert Shelton, conhecido pelos seu quadrinho Freak Brothers, que narras as experiências psicodélicas de três irmãos hippies.Confira abaixo como foi a participação de Crumb na FLIP.


07/08/2010 22h30 - Atualizado em 07/08/2010 22h33

'Não publiquem isso - não quero ser perseguido pela CIA', diz Crumb

Quadrinista participou de bate-papo com Gilberto Shelton na Flip.
Confira as melhores frases da conversa, realizada neste sábado em Paraty.

Amauri Stamboroski Jr.Do G1, em Paraty
Robert Crumb em debate na FlipRobert Crumb na Flip (Foto: Flavio Moraes/G1)
Os lendários quadrinistas do underground americano Robert Crumb e Gilbert Shelton participaram neste sábado (7) de um debate bem-humorado no penúltimo dia da Festa Literária Internacional de Paraty.
Na conversa, que teve também a participação da mulher de Crumb, Aline Kominsky-Crumb, os artistas falaram sobre trabalho, religião, política e 'Os 3 patetas'. Confira a seguir algumas das melhores falas :
Crumb: "Se fizesse um personagem brasileiro, faria a Garota de Ipanema em quadrinhos"
Crumb: "Já trabalhei demais, não tenho nenhum projeto novo".
Crumb: "Foi vergonhoso aparecer em 'Anti-herói americano', aquele cara não tem nada a ver comigo. Parecia um surfista da Califórnia."
Shelton: "Quem você queria que fizesse o seu papel em um filme?"
Crumb: "Brad Pitt, é claro!"
Shelton: "Eu queria que Clint Eastwood fizesse meu papel".
Crumb: "Mel Gibson!"
Crumb: "Meu livro ['Gênesis', uma adaptação do primeiro livro da Bíblia] vai ser lançado em hebreu, e a arte vai ser invertida. E o pior é que eles pagam menos que os outros".
Crumb: "Vocês conhecem 'Os Três Patetas'? Respeito muito mais o Brasil por isso. Ninguém conhece eles na França".
Crumb: "Eu tenho vergonha de ser americano - não publiquem isso, não quero ser perseguido pela CIA".
Crumb: "Eu acordei um dia e estava morando na França. Mas é legal, e eu confio nas decisões da minha mulher".
Aline: "Crumb não me influenciou tanto, eu que influencei ele".
Crumb: "Ela me influenciou a ser mais pessoal, autobiográfico".
Aline: "Ele [Crumb] desenha mais, ele desenha melhor, mas eu faço a parte engraçada".
Aline: "Os fãs [de Crumb] mandavam cartas e mandavam eu voltar para a cozinha".
Shelton: "Eu sou os três Freak Brothers, mas eu sou mais o gato do Fat Freddy".
Shelton: "Eu gosto desses caras que estão com o projeto do filme dos Freak Brothers, espero viver o suficiente para vê-lo".


'Seres humanos são nojentos', diz Robert Crumb em coletiva na Flip

Quadrinista que mora recluso na França viajou convencido pela esposa.
Ele e colega Gilbert Shelton realizam concorrida mesa neste sábado (7).

Do G1, em Paraty
Robert Crumb faz gesto obsceno e careta para fotógrafos durante a Flip, em Parati.Crumb faz gesto obsceno e careta para fotógrafos na Flip, em Paraty. (Foto: Tasso Marcelo/Agência Estado)
Os quadrinistas Robert Crumb e Gilbert Shelton deram um bom aperitivo nesta sexta-feira (6) de como será a mesa que os dois realizarão neste sábado (7), às 19h30. Bem humorados, e com suas respectivas esposas, a dupla realizou uma coletiva de impresa às 11h, na Pousada Ouro.
As mulheres de Crumb e Shelton, aliás, roubaram a cena ao dizerem que foram elas as responsáveis por trazerem os artistas a Paraty. “Quando recebemos o convite da Flip, falei que podiam confirmar, que as esposas de Sr. Crumb e Sr. Shelton os convenceriam”, brincou Lora Fountain, que também é agente de Crumb.
Nesse momento, Crumb virava-se para sua mulher, Aline-Kominsky Crumb, e dizia “sim, querida”. Ela vai lançar em breve no país o livro “Mais amor”, pela editora Conrad.
Conhecido por sua sociofobia e por viver recluso na França, Crumb mostrou bom humor ao ser perguntado sobre qual a sensação de participar de um festival literário. “Participar de um festival literário é bizarro. Sou um cartunista que é olhado de cima para baixo pelos caras da literatura. Mas meu editor me disse que isso é uma nova tendência do mercado de livros, por isso estou aqui”.
Gilbert Shelton ao lado de Robert Crumb, o mais influente artista de quadrinhos de todos os temposShelton ao lado de Crumb, mais influente artista de quadrinhos de todos os tempos (Foto: Flavio Moraes/G1)
O autor americano também aproveitou para criticar o seu país. “Nunca mais voltaria a viver nos EUA, tenho vergonha de ser americano. Tenho vergonha de viver no próprio planeta Terra, seres humanos são nojentos”, polemizou ele, também avesso às novas tecnologias. Questionado se pretende produzir algum quadrinho em 3D, ele se definiu como um sou "um artista do século 19, que gosta de molhar a pena na tinta e desenhar".
Mais tranquilo, Shelton deu uma amenizada nas declarações do colega ao comentar depois que a experiência em Parati estava tão boa que ele e a esposa já pensam em morar na cidade.

Crumb dispensa cara feia e confessa: música e mulheres valeram a viagem

Depois de 3 dias de mau-humor em Paraty, cartunista se soltou em debate.
Lenda das HQs underground dividiu a mesa com o simpático Gilbert Shelton.

Diego AssisDo G1, em Paraty
 Após três dias de caretas, gestos obscenos para fotógrafos e caminhadas silenciosas - e conturbadas - pelas ruas de Paraty, Robert Crumb finalmente se soltou em um bate-papo repleto de brincadeiras e molecagens na noite de sábado (7) na Flip. Culpa de uma banda que conheceu na noite anterior.
"Eles são ótimos: só cordas e um tamborim. Todos os bares da cidade tocando essa música ruim de cabaré e, no meio da rua, esses caras tocando uma música que daqui a 30 anos não vai mais existir. Poderia ficar horas lá ouvindo. Comprei um CD deles", comentou, esforçando-se para lembrar o nome. "Eram... os.. Corr... Curandeiros!", completou, recebendo aplausos de parte da plateia que conhecia os músicos.
Vestindo terno e chapéu pretos, o autor de clássicos dos quadrinhos underground e de personagens como Frtiz, the Cat e Mr. Natural  tentou manter a postura de mau-humorado pela qual é conhecido. "Não entendo por que as pessoas quiseram me trazer para cá, sou uma pessoa muito chata. Meu trabalho pode ser legal, mas minha personalidade..."
De chapeu panamá branco, barba e cabelos grisalhos presos num rabo de cavalo, Gilbert Shelton, seu companheiro de mesa e de carreira nas HQs alternativas americanas da década de 70, fazia o contraponto. "Gosto de viajar. É um privilégio ganhar uma viagem de graça para um lugar como este. Eu aceito qualquer tipo de convite e me divirto. [E legal estar em Paraty, náo imaginava como poderia ser táo bonita e fotogênica", disse Shelton, conhecido pelas tiras movidas a ácido e maconha dos Freak Brothers, outro ícone da contracultura.
Ainda "vestindo" o personagem, Crumb rebate: "Tem cidades fotogênicas em vários outros lugares do mundo. Isso para quem gosta de cidades fotogënicas..." E completa: "Estáo vendo? Ele usa o chapéu branco, e eu uso o chapéu preto. Ele é o cara legal, e eu sou o babaca!"
Robert Crumb, de roupa e chapéu preto, e Gilbert Shelton, de branco: 'ele é o cara legal, e eu sou o babaca'Crumb, de chapéu preto, e Gilbert Shelton, de branco: 'ele é o legal, e eu o babaca' (Foto: Flavio Moraes/G1)
Nádegas à vista
Mas, para além da música d'Os Curandeiros, Crumb, que em seus desenhos gosta de retratar mulheres dominadoras, grandes e roliças, revelou outro tema que fez "valer a viagem": os corpos das mulheres brasileiras.
"Muitas pessoas me disseram quando falei que viria ao Brasil que aqui era a terra das bundas grandes. 'Procure por isso lá, é a Terra Prometida para quem gosta'", brincou. "Tenho ficado de olho e... eles estavam certos. As moças nas ruas de shorts e saias curtas, com as pernas à mostra. Tem muito o que se olhar aqui", comemorou, se contorcendo na cadeira.
Indagado sobre o que achava das brasileiras, Shelton perdeu a fala por um momento e arriscou, cantarolando em inglês, uns versinhos de "Garota de Ipanema".
Gilbert SheltonGilbert Shelton (Foto: Flávio Moraes/G1)
"O Gilbert sempre foi o mais tímido com relação a sexo. Nos velhos temposm, em 1968, a gente fazendo aquelas coisas malucas e depravadas e ele se sentia desconfortável", lembrou Crumb - que, por outro lado, diz ter apagado da memória outros episódios dessa mesma época.
"A gente se conheceu em Nova York?", perguntou para o colega. "Não lembro mutio daquele tempo. Fumava muita maconha, tomava muito LSD. Achei que a gente tinha se visto pela primeira vez em San Francisco", lembrou o autor de Mr: Natural, hoje com 66 anos.
Doidão, mas responsável
Nascido em Austin, no Texas, Shelton, aos 70, tem recordações mais vivas do começo da carreira - apesar do abuso de substâncias químicas ilegais. "Eu fazia uma tira semanal para um jornal pequeno do East Village. Um dia fui à redação e encontrei todos chapados de LSD. Quando entrei já foram me oferecendo e eu disse: 'Não, tenho a minha tira para fazer.' No dia seguinte, o jornal estava completamente ilegível, com exceção da minha página", contou.
Adorado pelos jovens da contracultura hippie na época por conta de seus Freak Brothers, Shelton recordou ainda de sua amizade com a roqueira Janis Joplin, morta por overdose em outubro de 1970. "Janis e eu éramos bons amigos quando fazíamos faculdade. Eu estudava história, e ela drama. Nós dois gostávamos de folk e Janis logo se tornou uma estrela de folk music na universidade", diz ele, que além dos quadrinhos também toca piano. "Um dia perguntei a Janis se ela não queria tentar cantar umas coisas de rhythm'n'blues ou de rock'n'roll. E ela respondeu [imitando uma voz lenta]: 'Nós não... tocamos.. rock'n'roll'. É claro que ela mudou de ideia depois", diverte-se.
Crumb, que odeia rock e qualquer música gravada menos de 70 anos atrás, aproveitou a deixa para reencarnar o velho chato: "Ela devia ter parado no folk. Pelo menos estaria viva hoje."
Os textos acima foram extraídos do Portal G1. 

Abaixo links para fazer o download do famoso quadrinho de Crumb Blues e os Freak Brothers de Gilbert Shelton: