quarta-feira, 10 de abril de 2013

A Fonte Nova ainda é do povo?


                  A edição desta segunda feira, 08 de abril, do jornal A Tarde trouxe um caderno extra, o A Tarde Esporte Clube com uma cobertura completa do BAVI que inaugurou a Itaivapa Arena Fonte Nova. A primeira página do caderno foi estampada com imagens que destacavam a goleada imposta pelo Vitória ao arquirrival Bahia com a manchete Festa e Goleada, título do artigo sobre a inauguração da arena escrito pelo jornalista Marcio Menezes. A primeira frase escrita pelo jornalista “A Fonte Nova é do povo e sempre será.” está muito afastada da realidade, primeiro porque não existe mais Fonte Nova, cujo nome era, todos sabem, Estádio Octávio Mangabeira; segundo porque o Estado da Bahia não é mais o responsável pela administração da arena.



            A estrutura construída sobre os escombros da Fonte Nova, não recebeu seu antigo nome, Estádio Octávio Mangabeira, claro, não se trata do mesmo estádio, o que temos hoje diante do Dique do Tororó, chama-se Itaivapa Arena Fonte Nova. Alguns podem pensar que não passa de um nome diferente para a mesma coisa e é certamente essa impressão que o governo do estado e os novos proprietários do que era a Fonte Nova querem que pensemos. Por isso vemos circular na grande mídia a referência ao novo estádio como “A Nova Fonte Nova”, pois dá a impressão de que as coisas serão como antes, só que tendo uma Fonte Nova restaurada, novinha em folha.
A mudança de nome é algo que parece irrelevante, pois o que importa como se chama o estádio, interessa é que esteja em condições de receber jogos dos times da cidade e claro, das copas do mundo e das confederações. A mudança de nome expressa a mudança de interesses, pois sobre administração do governo estadual, buscava-se atender os interesses dos cidadãos, pois os impostos pagos pelos mesmos é que garantia o funcionamento do estádio. A Itaipava Arena Fonte Nova, sendo propriedade privada, passa a atender o interesse do grupo que a administra e seus patrocinadores, ou seja, os interesses do consórcio Odebrecht/ OASN e da sua parceira, a ITAIPAVA. Isso mesmo meus caros, a Fonte Nova foi privatizada e o novo proprietário é o consórcio Odebrecht/ OASN, que no dia 28 de março assinou contrato com a cervejaria Itaipava, que além de ter exclusividade na venda de seus produtos no interior do estádio, terá sua marca compondo o nome deste.   
O irônico nessa história toda é que a construção da Itaipava Arena Fonte Nova foi realizada por uma parceria público/privada, o que significa que nós patrocinamos a construção do estádio. De acordo com notícia publicada no site do Ibahia (http://www.ibahia.com/detalhe/noticia/arena-fonte-nova-tem-custo-de-quase-r-100-milhoes-acima-do-previsto/?cHash=68189d00040d5741be623af77f353dd2) o custo inicial do estádio que era de R$ 591,7 milhões passou para R$ 689,4 milhões, sendo que deste montante, R$ 373,6 milhões, ou seja, mais da metade, vêm dos cofres públicos. Como também investimos na construção do estádio, deveríamos ter nossos interesses atendidos, contudo não é o que acontece, os preços dos ingressos, a venda de produtos dentro e nos arredores do estádio serão decididos de acordo com os interesses do consórcio Odebrecht/ OASN e da ITAIPAVA. Significa que o e governo do estado não pode interferir, ou seja, não podem criar projetos como o Sua Nota é Um Show que permitia a troca de cupons fiscais por ingressos dos jogos do campeonato baiano. 
Lesados mais uma vez e ainda por cima gratos por termos recebido um novo palco para o futebol, em completo acordo com os altos padrões da FIFA! Vamos ficar felizes, pois temos em Salvador um estádio tão bom quanto os estados europeus! Lamentemos apenas o fato disso não significar também sermos agraciados com transporte público, educação, saúde, dentre outros serviços que fazem parte do direito de todo cidadão, equiparados aos padrões europeus. A partir de agora o que menos importa na Itaipava Arena Fonte Nova é o futebol, interessa o lucro; assim como o que menos importa são os torcedores, interessam os consumidores. Portanto meu caro Marcio Menezes, a Fonte Nova não é mais do povo, mas dos grandes negócios, e daqueles consumidores que poderão pagar po isso.

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