A
edição desta segunda feira, 08 de abril, do jornal A Tarde trouxe um caderno extra, o A Tarde Esporte Clube com uma cobertura completa do BAVI que
inaugurou a Itaivapa Arena Fonte Nova. A
primeira página do caderno foi estampada com imagens que destacavam a goleada
imposta pelo Vitória ao arquirrival Bahia com a manchete Festa e Goleada, título do artigo sobre a inauguração da arena
escrito pelo jornalista Marcio Menezes. A primeira frase escrita pelo
jornalista “A Fonte Nova é do povo e
sempre será.” está muito afastada da realidade, primeiro porque não existe
mais Fonte Nova, cujo nome era,
todos sabem, Estádio Octávio Mangabeira;
segundo porque o Estado da Bahia não é mais o responsável pela administração da
arena.
A estrutura construída sobre os escombros da Fonte Nova, não recebeu seu antigo
nome, Estádio Octávio Mangabeira,
claro, não se trata do mesmo estádio, o que temos hoje diante do Dique do Tororó,
chama-se Itaivapa Arena Fonte Nova. Alguns
podem pensar que não passa de um nome diferente para a mesma coisa e é
certamente essa impressão que o governo do estado e os novos proprietários do
que era a Fonte Nova querem que
pensemos. Por isso vemos circular na grande mídia a referência ao novo estádio
como “A Nova Fonte Nova”, pois dá a
impressão de que as coisas serão como antes, só que tendo uma Fonte Nova restaurada, novinha em
folha.
A
mudança de nome é algo que parece irrelevante, pois o que importa como se chama
o estádio, interessa é que esteja em condições de receber jogos dos times da
cidade e claro, das copas do mundo e das confederações. A mudança de nome
expressa a mudança de interesses, pois sobre administração do governo estadual,
buscava-se atender os interesses dos cidadãos, pois os impostos pagos pelos mesmos é
que garantia o funcionamento do estádio. A Itaipava
Arena Fonte Nova, sendo propriedade privada, passa a atender o interesse do
grupo que a administra e seus patrocinadores, ou seja, os interesses do
consórcio Odebrecht/ OASN e da sua
parceira, a ITAIPAVA. Isso mesmo meus caros, a Fonte Nova foi privatizada e o novo proprietário é o consórcio Odebrecht/ OASN, que no dia 28
de março assinou contrato com a cervejaria Itaipava, que além de ter exclusividade na venda
de seus produtos no interior do estádio, terá sua marca compondo o nome deste.
O
irônico nessa história toda é que a construção da Itaipava Arena Fonte Nova foi realizada por uma parceria público/privada,
o que significa que nós patrocinamos a construção do estádio. De acordo com
notícia publicada no site do Ibahia (http://www.ibahia.com/detalhe/noticia/arena-fonte-nova-tem-custo-de-quase-r-100-milhoes-acima-do-previsto/?cHash=68189d00040d5741be623af77f353dd2)
o custo inicial do estádio que era de R$ 591,7 milhões passou para R$ 689,4
milhões, sendo que deste montante, R$ 373,6 milhões, ou seja, mais da metade,
vêm dos cofres públicos. Como também investimos na construção do estádio,
deveríamos ter nossos interesses atendidos, contudo não é o que acontece, os
preços dos ingressos, a venda de produtos dentro e nos arredores do estádio
serão decididos de acordo com os interesses do consórcio Odebrecht/ OASN e da ITAIPAVA.
Significa que o e governo do estado não pode interferir, ou seja, não podem criar projetos como o Sua Nota é Um Show que permitia a troca de cupons fiscais por ingressos dos jogos do campeonato baiano.
Lesados mais uma vez e ainda por cima gratos por termos recebido um novo
palco para o futebol, em completo acordo com os altos padrões da FIFA! Vamos ficar
felizes, pois temos em Salvador um estádio tão bom quanto os estados europeus!
Lamentemos apenas o fato disso não significar também sermos agraciados com
transporte público, educação, saúde, dentre outros serviços que fazem parte do
direito de todo cidadão, equiparados aos padrões europeus. A partir de agora o que
menos importa na Itaipava Arena Fonte
Nova é o futebol, interessa o lucro; assim como o que menos importa são os
torcedores, interessam os consumidores. Portanto meu caro Marcio Menezes, a Fonte Nova não é mais do povo, mas dos
grandes negócios, e daqueles consumidores que poderão pagar po isso.
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