sábado, 9 de maio de 2009

Entrevista Luis Henrique Tozo

Luis Henrique Tozo, o Tozin, aceitou gentilmente nosso convite para uma entrevista, portanto o mês de maio é dedicado a este artista aqui no Born To Lose. Tozin nasceu na cidade mineira de Ponte Nova e hoje faz o curso de Artes Visuais na UEMG em Belo Horizonte. Luis Henrique concentra seus trabalhos na fotografia, campo que o introduziu nas artes, fazendo suas fotos por meio da camera de seu aparelho celular. Hoje o artista dialoga com novos recursos através da computaçao gráfica. O artista se interessa pelo campo do cinema, tendo feito com o amigo e poeta Rogério Saraiva um Curta Metragem, Antônio Nu Escuro. O curta teve visibilidade e recebeu elogios do site JA filmes, onde o vídeo é divulgado e pode ser assistido. O link do JA filmes é http://www.jafilmes.com/site_2008/secoes/curtas_do_brasil/curtas/antonio_claro_escuro/antonio_nu_claro_escuro.htm. Para conhecer mais do trabalho de Luis Henrique Tozo acessem o blog Realidades Possíveis o endereço é http://tozinfotos.blogspot.com/.

Confiram a entrevista na íntegra logo abaixo:




Born To Lose - A Primeira pergunta é um aquecimento, uma quebra de clima e uma maneira de confrontar diferentes perspectivas do que seja Arte. Desse modo Tozin, diga-nos: o que é arte para você?

Tozim: Arte é uma forma de expressar idéias através de símbolos ... tornar palpável o inteligível.


Born To Lose – Você tem alguns trabalhos com fotografia feitos de um modo bastante peculiar, usando o celular como ferramenta. Como é o seu método de trabalho com fotografia em celular? Porque escolheu esse tipo de linguagem para expressar suas idéias?

Tozim: Na verdade, escolhi o celular por falta de opção, nos trabalhos recentes comecei a usar maquina digital mesmo...mas foi através do celular que surgiu o interesse por fotografia, que acabou funcionando mais como um laboratório de imagens, por enquanto, não pretendo usar esta ferramenta....quanto ao método, eu deixava a casa escura e utilizava a tv como fonte de luz.

Born To Lose – Confesso entender pouco sobre fotografia, contudo alguns amigos que trabalham nessa área criticam muito o uso da câmera digital, pois esta não consegue captar determinados detalhes. Acho que as limitações apontadas na câmera digital vão muito além disso, do ponto de vista de alguns fotógrafos, mas foi até onde consegui chegar. Como você vê tais críticas, elas tem fundamento, há uma diferença muito grande entre fotografar com uma máquina digital e uma tradicional? Ou você está usando a digital da mesma forma como usou o celular, porque não tem em mãos a ferramenta com que gostaria de trabalhar?




Tozim: Não concordo com as críticas, o que importa é a sensibilidade do fotógrafo! A máquina digital é simplesmente um recurso adicional, ela também exige sensibilidade e criatividade de quem a utiliza. A diferença é que na digital você tem um controle maior ao editar, é inegável que a tecnologia atual tenha ampliado os recursos de trabalho. Hoje, prefiro continuar usando a digital da mesma forma como trabalhei com o celular.

Born To Lose – Você começou um curso superior em Artes Visuais, o que é um curso de artes visuais? Ao que me parece é algo que vai além da fotografia e que permite o diálogo com novas tecnologias como a computação gráfica, por exemplo. É isso mesmo?

Tozim – No curso de Artes Visuais, ensina-se a importância da observação. O primeiro passo consiste em você educar o olhar para aprender a ver o mundo com olhos de desenhista. No meu caso, faço licenciatura e posso trabalhar como educador ou na área de pesquisa, porém confesso que o curso deixa a desejar um pouco em termos de interação com tecnologia, pois o objetivo é formar professores e não artistas...assim eu ouvi de um professor, achei absurdo. O educador deveria te possibilitar a escolher um caminho.

Born To Lose – Concordo, realmente é um absurdo ouvir isso dentro de uma universidade. Como você vê isso Tozin, digo, esta separação feita entre professor e artista feita na academia não lhe soa estranha? O que você esperava da universidade, enquanto artista, que via na universidade um local para expandir seu conhecimento sobre as técnicas de fotografia, por exemplo, e acaba encontrando alguém que lhe diz que receberá uma formação a qual lhe dará condições apenas de ser um professor?

Tozin – Para ser sincero não entendo porque existe esta separação na academia, estou estudando para aprofundar o meu conhecimento no campo da arte. Até que a universidade apresenta oportunidades como alguns concursos fotográficos e exibição de curtas, mas há certos comentários que você precisa ignorar e continuar fazendo a sua parte, senão você acaba se sentindo na obrigação de seguir um caminho proposto pela academia. Talvez eu esteja no lugar errado, mas vejo esta situação como mais um degrau a ser escalado. Para finalizar, acho que um curso ajuda na formação artística, com certeza, mas ele um meio é não um fim.

Born To Lose – Bom você falar em curtas. Você e Rogério Saraiva fizeram um curta metragem cujo título é 'Antônio Nú Claro Escuro'. Qual é o seu interesse pelo cinema em termos de expressão artística? Você tem interesse em vincular cinema e fotografia, como você compreende a relação entre essas duas esferas artísticas?

Tozin - Eu quero simplesmente mostrar que cinema vai muito mais além de querer contar uma historia, quero um dia trabalhar com animação ajudando na direção de arte ou na concepção de cenário.Quanto a fotografia e cinema acho que uma complementa a outra e não vejo nenhuma distinção entre essas áreas artística,pois ambas lidam com a arte da imagem.

Born To Lose – Você continua tirando suas fotografias? O que tem produzido atualmente?

Tozin - Sim, recentemente fiz uma foto para a banda Sonary, o baterista Fefeu queria uma imagem que traduzisse a idéia de mudança. Fiz a arte com uma pessoa pintando uma casa velha e posteriormente um amigo que faz designer deu o tratamento final. Também tenho um trabalho de capa para banda Persona de Ponte Nova, neste momento estou interessado em fazer uma exposição de fotografia.

Born To Lose – Qual pergunta eu não fiz à você e que gostaria de ter respondido?

Tozin - Acho que foi o suficiente, por mim esta tudo bem...agradeço!

Alguns dos trabalhos de Luis Henrique, mais do trabalho do artista no blog Realidades Possíveis



5 comentários:

  1. Muito boa a entrevista!! Parabéns pelo trabalho!!!

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  2. Grande Tozo!

    Será uma das grandes revelações da arte do nosso tempo. Sem dúvidas.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Excelente entrevista do amigo Tozin!!!!!
    Chama atenção a terrível intenção de separar ensino e produção artística. Um problema infelizmente tão presente nos cursos de licenciatura. No caso confidenciado pelo entrevistado querem formar professores e não artistas. Vivi o contrário na graduação em História, onde não queriam formar professores e sim pesquisadores... A academia resiste ao óbvio: o ensino não existe longe da pesquisa, ou no caso aqui, da prática artística. A indissossiabilidade entre essas dimensões não pode deixar de ser encarada!
    Parabéns ao Tozin pela produção e ao Carlim pela iniciativa da entrevista!
    Abraços!
    Gugu

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