“Quando
adolescente, eu queria ser jornalista. Não era minha vocação, e sim, extrema
admiração pelo que me fascinava: a missão jornalística, de levar as informações
a público, checar as fontes, olhar todos os lados na busca pela utópica
imparcialidade. Já digo utópica porque vejo a imparcialidade como um ideal, um
objetivo a ser alcançado, não uma certeza do trabalho do jornalista, que
certamente transmitirá sua opinião pessoal ou de seus empregadores, mesmo que
de maneira não intencional. Mas a busca dessa imparcialidade deve nortear suas
ações e, principalmente, seus textos”.
Fonte:
Observatório da Imprensa A cobertura das
greves,
Por
Bruna Rodrigues em 28/08/2012 na edição
709
Não há imparcialidade no jornal, mas um bom
jornalista coloca a imparcialidade jornalística como ideal e à persegue. Bruna
Rodrigues no trecho de sua matéria estabelece um princípio ético que deve
pautar a atividade jornalística. A responsabilidade com a busca da
imparcialidade dos fatos (mesmo que seja impossível encalçá-la) relatados na
notícia reflete o respeito com o leitor e consigo mesmo enquanto jornalista.
Tivemos
um caso interessante essa semana na imprensa pontenovense. Os jornais Folha de Ponte Nova e Unidades de Notícias cobriram o
encontro entre os candidatos à prefeitura de Ponte Nova organizado pela OAB
desta cidade, que aconteceu durante a Semana do Advogado. O título da matéria
na Folha de Ponte Nova é o seguinte:
Só
2 candidatos na Conferência de Prefeitáveis da OAB
por FOLHA DE PONTE NOVA,
Terça, 28 de Agosto de 2012 às 09:40 ·
Três
candidatos a prefeito de Ponte Nova - Taquinho Linhares/PSB, Guto Malta/PT e
Guilherme Pimpa/PHS - boicotaram a Conferência organizada pela OAB/Ponte Nova,
na noite de 24/8, em sua sede, como parte da Semana do Advogado.
A Folha de Ponte Nova
noticia um boicote à
Conferência de Prefeitáveis organizada pela OAB por parte dos candidatos Taquinho Linhares/PSB, Guto Malta/PT e Guilherme Pimpa/PHS. Ao empregar o termo boicote
a Folha de Ponte Nova afirma que houve a intenção dos candidatos citados em
não comparecer a fim de prejudicar o encontro. A chamada da notícia faz com que
nós leitores sejamos levados a entender que os candidatos que não compareceram
estão evitando o confronto de ideias por motivos que desconhecemos. Aliás,
eticamente é correto o jornalista tratar a notícia assim? O jornalista não
deveria se ater aos FATOS e o fato nesse caso não seria que os candidatos não compareceram? Contudo o termo
escolhido para qualificar a ausência dos candidatos foi BOICOTE! Pergunto ao
autor da notícia: o senhor tem como provar que os candidatos BOICOTARAM a
Conferência? No corpo da notícia o diretor da OAB e apresentador do encontro
Luis Raimundo de Oliveira é citado como autor da qualificação da ausência dos
candidatos através do uso do termo boicote. Havendo acusação não seria
necessário procurar os candidatos ausentes para que pudessem explicar a sua
ausência e se defender da acusação de boicote por parte de um dos organizadores
do evento? Não seria esse o modo justo de tratar a notícia?
O
jornal Unidade de Notícias também noticiou
a ausência dos três candidatos, contudo não menciona a existência de um
boicote, detêm-se apenas em relatar a ausência dos prefeitáveis,
ressaltando que os candidatos presentes aproveitaram a ocasião para apresentar
suas propostas de governo e responder perguntas da plateia.
Domingo, 26 de agosto de 2012
NOTÍCIAS
OAB-PN
realiza encontro de candidatos a prefeitos e somente dois candidatos
compareceram
Três
candidatos a Prefeitos de Ponte Nova, Taquinho Linhares, PSB, Guto Malta, PT e
Guilherme Pimpa, PHS, não compareceram ao evento organizado pela OAB de Ponte
Nova, onde os candidatos onde teriam a oportunidade de apresentarem seus
programas de governo, e responderiam perguntas da plateia presente.
Uma vez que não há imparcialidade no
jornalismo, mas que é possível ao menos perseguir esse ideal pergunto: quem
chegou mais perto de realizar o ideal da imparcialidade jornalística? Se
quiserem, quem respeitou o direito do leitor a tirar suas próprias conclusões
sobre o fato?
Havendo acusação de BOICOTE aos candidatos que não
compareceram ao encontro organizado pela OAB, não caberia à Folha de Ponte Nova procurar os
candidatos a fim de saber o motivo da sua ausência antes de publicar a notícia?
Considero que os ausentes tem esse direito e foi por isso que os questionei
sobre o não comparecimento em meu perfil no Facebook, leia o post na íntegra
clicando no link http://www.facebook.com/carlosinacio.coelhoneto/posts/440190986023945?notif_t=comment_mention.
O candidato Guto Malta se pronunciou e comentou o caso:
Sim. Estamos preparando uma nota para ser
divulgada. O presidente da OAB é filiado ao PMDB e é assessor jurídico da
prefeitura e do prefeito atual. O outro é secretário de cultura e Chico Cunha,
primo do vice-prefeito. Estipularam uma regra absurda. A exposição do plano de
governo não poderia em momento algum reportar-se ao governo atual. A
preocupação é alavancar as candidaturas oficiais e esconder a todo custo o
estado de abandono, de afronta e de descompromisso com as pessoas e a cidade. A
OAB de Ponte Nova prestou sim um aval ao retrocesso e a preocupação de alguns
dirigentes é garantir o ganha pão. Da mesma forma, não haveria direito de
resposta ou qualquer indagação sobre as propostas apresentadas. Lamento
profundamente a atitude pequena e sorrateira de uma OAB descompromissada e
comprometida até o pescoço. Festão usando o espaço da OAB para promover
candidatos além de outras cosias. Lamentável. Não concordaram sequer em dividir
as credenciais entre os candidatos, com a conversa de quem chegasse primeiro.
Não vou legitimar absurdos e atitudes anti-democráticas. Não vou permitir que
zombem e afrontem o nosso povo utilizando-se da entidade. Querem levar
vantagem, saiam imediatamente da OAB. Aliás, os mesmos que estão falando bobagens
são os mesmos que estão armando eleição na OAB com chapa única. Não sou covarde
e não fujo do debate, mas não compactuo com malfeito e com a sacanagem.
Inimigos ontem, aliados hoje, acho estranho a aliança entre Chico Cunha e Luiz Ângelo.
Luiz Raimundo depois da FAVAP precisou encontrar um espaço na administração
pública. Não vou permitir que o pleito eleitoral se transforme em ambiente
armado e articulado para alavancar duas candidaturas que representam o pior da
política local. Perco a eleição, mas não perco a minha dignidade e honradez e
lutarei até o final para que prevaleça o direito e a justiça. Sempre.
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Devemos, enquanto leitores dos jornais pontenovenses,
estar atentos ao modo como a notícia é veiculada pelos jornais de nossa cidade.
Principalmente notícias que tem caráter político, uma vez que nos encontramos
em processo de campanha eleitoral. Há interesses em jogo, muitas vezes os
jornais são usados como instrumento da campanha desse ou daquele candidato e as
notícias podem ser tendenciosas, buscando servir a interesses de campanha. Comparar
as notícias em diferentes veículos de informação passa a ser uma prática
necessária ao eleitor para que possa tirar suas conclusões com independência e
não ser levado a comprar uma opinião e reproduzi-la por aí.
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