quinta-feira, 17 de junho de 2010
1º ENCONTRO DE ARTE-EDUCAÇÃO DE OURO PRETO
segunda-feira, 7 de junho de 2010
domingo, 6 de junho de 2010
Carta pro meu Vô.
O senhor já se perguntou o que significa viver? Eu me coloco essa questão sempre; não porque faltem respostas; respostas encontramos em cada esquina. A grande questão não é essa, mas porque sinto a necessidade de coloca-la a mim mesmo. “Pensar é estar doente dos olhos.”, a síntese do velho Caiero me atormenta! Estou doente vô, porque não consigo deixar de pensar no que significa viver. O que cativa no senhor, é justamente o vigor que vejo em sua alma. Sentir o senhor me traz a paz do silêncio, pois sinto a presença de uma vida serena, que não precisa de pensamentos e explicações, mas que está imersa no próprio viver. Ainda consigo ver o cinza daqueles domingos que não pude ir à roça! E jamais deixei de sentir a sensação daqueles dias de terra, verde e intensa atividade que a roça me deu! Era um tempo em que viver era o bastante para se estar feliz! Não me preocupar com os dias era tê-los; era passar por eles tão leve quanto a brisa das manhas de inverno! Ah! Vô, o senhor sabe do que falo né! O senhor é a própria brisa, que o intenso vento dos anos sopra cada vê mais alto. Não tenho respostas vô, na verdade, inconscientemente acho que nem as quero. Tenho algo melhor que respostas, o senhor, a própria vivência que possui mais força que qualquer resposta! Ainda serei brisa vô, pode crer!
sábado, 5 de junho de 2010
Pat Metheney - Orchestrion
Acontece que o guitarrista toca acompanhado por nada menos do que uma banda de robôs, por assim dizer. Um aparato tecnológico desenvolvido em parceria com a Electronic Musical Urban Robots registra as notas que Matheny toca, assim como a intensidade e duração de cada uma delas. A partir daí, os dados são distribuídos para instrumentos como baixo, piano, percussão e bateria, que fazem suas partes sozinhos. Veja o vídeo abaixo para entender melhor!
De nada adiantaria, contudo, criar um projeto tão audacioso se a qualidade musical não fosse boa. Quanto a isso o ouvinte pode ficar tranquilo, pois raramente Pat Metheny decepciona. O repertório traz cinco longas faixas de um jazz calmo, intimista e cheio de climas. Embora o grande destaque seja a forma de como o disco foi feito e não as músicas em si, não dá para reclamar das belíssimas melodias e passagens que encontramos ao longo da faixa-título, em “Soul Search” e “Spirit of the Air”, por exemplo.
Como estava experimentando seu novo brinquedinho, Pat Metheny não se arriscou muito em “Orchestrion”, permanecendo em sua zona de conforto e sem exigir muito de seus novos “companheiros”. Se ele levar a idéia adiante, porém, não haverá limites para o guitarrista.
Relato de uma morte que vive
Hoje caminha. Assim como ontem, assim como amanhã. Dias úmidos ou quentes, ruas claras ou escuras, não importa; seus olhos olham, mas não vêem. Respira o ar, mas não o sente; beija os lábios da mulher e sua pulsação continua estável. Os traços de seu rosto são os mesmos sempre. Não sabe se teve dias ou se está preso ao mesmo dia, que se repete eternamente.
Em sua direção, na direção oposta, do lado esquerdo, do lado direito, sobre sua cabeça, abaixo de seus pés: corpos. Corpos de carne, corpos de metal, corpos de vidro, corpos de terra, corpos de aço, corpos de madeira. Até corpos sem corpos.
Suor saindo de seus poros escorrega pela superfície do seu rosto. Caem ao chão ou sobre os braços da mulher. Existem flores e nas flores existe o amarelo, o verde, o vermelho, o azul e o preto. Ainda existe vida deste lado! Entretanto, seus olhos não piscam, estão presos a imagens fixas, sentimentos diamantes, que imploram pelo cinza de todas as cinzas. A isso chama vida.
Acredita viver. Diante de seus olhos o fardo, o peso, a medida, uma tonelada. Acredita em ganhar e perder, morrer e viver, cagar e mijar, ser bom ou mal (acho que até mesmo acredita em ser bom e mal). Ainda não conseguiu chorar, só consegue rir. Concebe as coisas dentro de uma escala evolutiva: do mal ao bom, do errado ao certo, do triste ao feliz, do doentio ao saudável, da escravidão à liberdade, do amor ao ódio. Outras vezes as concebe dentro de uma escala hierárquica: primeiro o bom e depois o mal, primeiro o certo e depois o errado, primeiro a felicidade e depois a tristeza, primeiro a saúde e depois a doença, primeiro a liberdade e depois a escravidão, primeiro o amor e depois o ódio. Por enquanto não odiou, não amou, não sofreu, não escolheu, não desejou.
Certa vez contaram-lhe que a chama é quente e queima a ponta dos dedos. Disseram-lhe que há flores nos jardins e que nelas podemos aspirar fragrâncias diversas. Até hoje não colocou a mão na chama, muito menos se abaixou para respirar o perfume dos jardins.
Nunca o julgaram louco. Na verdade, alguns o chamaram de mestre, outros de experiente; mas inconseqüente, desmedido ou aprendiz, isso nunca.
O pior é que nada disso ele sabe. Pensa estar acordado em seu sono profundo. Nada disso se quer relampejou em seu espírito. São seus olhos que contam esse sentimento ou vivemos num palácio de espelhos?